O sangue da manada

6 Maio 2017

Os manejos da União Europeia sobre o défice e a dívida pública não se destinam só a Portugal. Pela mesma altura que o holandês Dijsselbloem lançava a suas atoardas contra os países do sul (como bom colonialista que vê nos índios e nos negros apenas preguiçosos), o alemão Schauble punha a hipótese de colocar a Grécia fora do euro (como se a expulsasse do Espaço Vital alemão). Ou isso ou, mais “reformas”, disse ele.
Tais “reformas”, depois de tudo o que já foi “reformado” na Grécia, só poderiam significar destroçar a sociedade grega e reduzir os gregos a escravos.
Talvez porque comece a ver que esta via das “reformas” está esgotada, Schauble já admite a possibilidade de afastar a Grécia do euro. Porquê? Muito provavelmente porque, como o próprio FMI já fez notar, a dívida grega, e não só a grega, é impagável. E, mal por mal, Schauble prefere afastar a Grécia do que ter de ceder no princípio segundo o qual as dívidas são inegociáveis — o que seria um mau exemplo para os outros devedores.
Em que assenta esse “princípio” tão inquestionável do sr. Schauble? No facto de ser o capital alemão — que no tempo das vacas gordas andou a chupar como pôde o sangue da manada — o que mais tem a perder se os devedores se recusarem a pagar.


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