Tópico: Sociedade

Miriam Makeba

12 Novembro 2008

A conhecida cantora e grande lutadora sul-africana contra o apartheid, Miriam Makeba – Mamã África, como também era conhecida – faleceu aos 76 anos, em Nápoles, de ataque cardíaco, depois de um espectáculo dedicado ao jornalista e escritor Roberto Saviano, ameaçado pela Camorra. Em 1963, após ter denunciado, perante o Comité das Nações Unidas contra o Apartheid, as condições em que viviam os negros na África do Sul, o governo racista da altura retirou-lhe a nacionalidade sul-africana e proibiu-a de regressar ao seu país. Também os seus discos foram então proibidos pelo governo. Esteve exilada 31 anos e só regressou à Africa do Sul em 1990, a pedido de Nelson Mandela.


Bordel-nacionalismo

3 Novembro 2008

António Frazão, militante do Partido Nacional Renovador, com cotas em dia, membro destacado e fundador do núcleo de Sintra é acusado de auxílio à imigração ilegal e à prática de lenocínio. Dono de quatro bordéis na zona de Lisboa, explorava 30 prostitutas, num negócio muito rentável para ele. Frazão ainda arranjou o visto de turista para duas imigrantes brasileiras que o auxiliavam no controle e no transporte das mulheres entre as várias casas. José Pinto Coelho, líder do PNR, já disse que se for considerado culpado este militante será expulso – o mesmo não aconteceu aos skinheads “defensores da pátria” condenados por assassínio, agressões, discriminação racial e posse ilegal de armas.


A JCP, o RJIES e as praxes

Diana Dionísio — 2 Novembro 2008

A Juventude Comunista Portuguesa fez um texto intitulado «RJIES – proibição das praxes», que está no seu blog e que enviou para a imprensa. Na semana passada, pelo menos nas paredes da Faculdade de Letras de Lisboa, apareceram uns cartazes impressos a tinta azul com o título Comunicado e esse mesmo texto, assinado pela JCP. Nesse texto, a proibição das praxes e o RJIES (o novo Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior que, sem se chamar “Regime de Privatização do Ensino”, tirou os estudantes nos órgãos de discussão e decisão das escolas e os trocou por representantes de empresas) são metidos no mesmo saco, são “a mesma coisa”, e o apelo é para que todos os estudantes (depreende-se: os que lutam contra o RJIES e os que lutam pelas praxes) se unam.


Gente humilde

22 Outubro 2008

Em entrevista ao Público (12 de Outubro), o escritor António Lobo Antunes revela-nos ser filho de gente humilde. Diz não ter “nobreza de espécie nenhuma”; dá a saber que “o avô do meu avô era um pobre camponês”; e conta que em casa dos pais “era tudo muito austero e com muito pouco dinheiro”. Lembra-se, ainda assim, de o pai, médico, pedir à mulher “cem escudos para encher o depósito do Lância” e de “ter ido fazer a primeira comunhão a Pádua” onde passou um mês com a família. “Está a ver, diz ALA à entrevistadora, o que é atravessar Espanha, França, Suíça, Itália há 60 anos, para fazer a comunhão em Itália?”. Estamos a ver, sim. Todos os trinetos de campónios deste país passaram por isso.


Isto não é sociedade que se apresente (VII)

21 Outubro 2008

Segundo um estudo divulgado em São Paulo – num encontro de especialistas sobre o tráfico de seres humanos – redes criminosas especializadas no tráfico de mulheres para exploração sexual actuam em 241 rotas, sendo 131 para o estrangeiro, incluindo Portugal e Espanha. Cerca de 75 mil brasileiras estão actualmente sob o controlo de redes internacionais de prostituição nos países da UE. O tráfico internacional de pessoas movimenta por ano cerca de 23,7 mil milhões de euros, sendo uma das actividades ilícitas mais rentáveis. Todos os anos 2,5 milhões de pessoas são vítimas do tráfico internacional para exploração sexual e trabalho forçado, sendo de 127 nacionalidades distintas em 137 países.


Bons costumes

Uma jovem de 15 anos norte-americana foi presa, acusada de “utilização ilegal de material sexual explícito e posse de ferramentas criminosas”, por, alegadamente, ter enviado fotos sem roupa aos seus amigos por telemóvel. Tem de cumprir uma pena de prisão domiciliária, está proibida de aceder à Internet ou utilizar telemóvel e corre o risco de ver o seu nome na lista de criminosos sexuais do estado durante 20 anos. As investigações vão determinar quantos colegas receberam as fotografias e analisar a hipótese de também estes serem acusados.


O sonho americano

20 Outubro 2008

Uma mãe saiu do estado norte-americano de Michigan e percorreu mais de 1100 km durante 12 horas para abandonar o filho de 13 anos no Nebrasca, onde as leis permitem que adultos deixem crianças nos hospitais públicos sem correrem o risco de serem processados por abandono de menores. Pelo menos 18 já foram deixados em hospitais e em estações de polícia do Nebrasca desde que a lei entrou em vigor.


Marx “na moda”

17 Outubro 2008

«Marx está de novo na moda e a procura das suas obras em alta», explicou Schütrumpf ao jornal Neue Ruhr Neue Rheinzeitung. Segundo a editora de Berlim, o primeiro tomo de O Capital já vendeu este ano 1500 exemplares, contra 500 em 2005, e as vendas vão continuar a aumentar até ao fim do ano. Os leitores pertencem a «uma nova geração de eruditos que reconheceu que as promessas neo-liberais não se realizaram», sublinhou. O próprio ministro alemão das Finanças, Peer Steinbrück, fez à revista Der Spiegel uma referência a Marx no contexto da crise financeira. «Certas partes da teoria de Marx não são assim tão falsas», como a que se refere à autodestruição do capitalismo por causa da sua avidez.


Estudantes em luta

Alunos da Escola Secundária Dona Luísa de Gusmão, em Lisboa, encerraram no dia 15 a escola e manifestaram-se em frente às suas instalações, protestando contra a falta de professores. Seguiram, depois, para a Direcção Regional da Educação de Lisboa, gritando “ Queremos professores”. É uma situação particularmente grave para os alunos do 9º, 11º e 12º. Nesta altura do ano, faltarem 22 professores na escola, quando tantos deles permanecem sem emprego, é uma amostra da política educativa do governo.


Racismo mediático

16 Outubro 2008

O jornalista Carlos Rui Abreu, do Jornal de Notícias, conta (JN, 13 de Outubro) que uma menina cigana de 12 anos foi agraciada com o prémio destinado aos dois melhores alunos do 4º ano da sua escola, em Fafe. Nada disto seria extraordinário se Abreu, no seu entusiasmo em realçar este caso “excepcional”, não tivesse ornamentado a notícia com o seguinte mimo: “uma aluna de etnia cigana que, contrariando a tendência das crianças da sua raça, gosta de estudar e sonha tirar um curso superior”.


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