Tópico: Breves

Os conselhos de Luís Amado

13 Dezembro 2015

Luís Amado, presidente do Conselho de Administração do Banif e auferindo de um chorudo salário, tem sido pródigo em declarações e conselhos sobre a melhor forma de governar Portugal. Veio agora, mais uma vez, insurgir-se contra aqueles que defendem a ruptura com a chamada austeridade, que tem infernizado a vida dos trabalhadores e do povo. Contra o fim da austeridade, certamente para poupar dinheiro e entregá-lo aos Bancos a fim de lhes tapar os buracos. Ora, o Banif deve muito dinheiro ao estado português e, como é do conhecimento público, provavelmente será mais um caso (a somar ao BPN e ao BES) que os portugueses vão ter de pagar. Como são repugnantes os conselhos de Luís Amado e de outros conselheiros do mesmo jaez que por aí pululam!


Uma questão de bandeiras

20 Novembro 2015

Amantes das suas liberdades, os europeus comoveram-se, compreensivelmente, com os ataques terroristas em Paris. Temerosos, acolhem por inteiro a propaganda do poder, que fez do caso o centro de todas as discussões. Submissos, apoiam a política guerreira dos seus governos que, alegremente, a levam a cabo há anos, sem problemas. Resignados, aceitam que lhes cortem as liberdades a troco de uma segurança inexistente. Centrados em si, agitam bandeirinhas francesas e cantam a Marselhesa, mas esquecem os recentes atentados na Turquia, no Líbano, no Sinai, ou na Nigéria (400 mortos) por serem lá fora. Alguém se lembrou de fazer um minuto de silêncio por esses 400 mortos ou colocar nas redes sociais as bandeiras da Turquia, da Rússia, do Líbano ou da Nigéria?


Há terror e terror

19 Novembro 2015

Em 2013, dez e doze anos depois das invasões do Iraque e do Afeganistão, calculava-se que os mortos iraquianos e afegãos eram 434 vezes mais que os mortos norte-americanos no 11 de Setembro de 2001, e 186 vezes mais que as vítimas de todos os ataques terroristas verificados no mundo entre 1993 e 2004 (dados do Tribunal-Iraque). Esta desproporção agravou-se enormemente se somarmos os mortos na Síria, na Líbia, na Palestina, no Líbano, no Iémen, no Egipto, na África Central e em todas as regiões do mundo em que os imperialismos norte-americano e europeu têm aberto teatros de guerra e promovido golpes de estado — dando curso às suas ambições económicas e políticas sob a capa do combate ao terrorismo.


A dúvida do filósofo

18 Novembro 2015

O filósofo José Gil, entrevistado pela TSF, mostrou-se indignado com a carnificina de Paris em que vê um ataque à democracia e às liberdades na Europa. Declarou por isso o seu apoio aos bombardeamentos que a França decidiu intensificar na Síria contra as forças do Estado Islâmico. Mas logo de seguida, cartesianamente, surgiu-lhe a dúvida: se a França sabia onde se situavam as bases e os campos de treino do EI porque não os atacou antes? Ora aí está um bom tema de reflexão para o ilustre filósofo. Se não leva a mal, talvez o presidente sírio, que não consta ter grande formação filosófica, lhe possa dar uma ajuda prática. Disse Bachar al-Assad depois do 13 de Novembro, lembrando o apoio da França aos grupos terroristas que actuam na Síria: Nós, sírios, sabemos o que é o terrorismo, sofremos os seus efeitos há mais de cinco anos; não é com mais bombardeamentos que a França resolve a questão, é com uma mudança da sua política.


Aumento da dívida pública

29 Outubro 2015

Portugal tem hoje a terceira maior dívida pública (em percentagem do PIB) da União Europeia, ultrapassado apenas pela Grécia e pela Itália — cerca de 130% do PIB de acordo com o cálculo do Eurostat.
Vejamos a evolução da dívida pública (líquida), com dados do Banco de Portugal e em milhões de euros, desde a chegada da troika, em 2011:
Dezembro de 2010 : 158.736
Dezembro de 2011 : 170.904
Dezembro de 2012 : 187.900
Dezembro de 2013 : 196.304
Dezembro de 2014 : 208.128
Agosto de 2015 : 212.684

Depois da criação de centenas de milhares de desempregados, da emigração forçada de mais de 350 mil portugueses, do agravamento da exploração dos trabalhadores e das condições económicas e sociais da maioria da população, é esta a dívida (para além da dívida privada), que nos deixa a troika e o governo PSD/CDS. E o mais que ainda não se sabe!


Portugal fora da Nato!

22 Outubro 2015

Entre final de Setembro e 6 de Novembro decorre um exercício da Nato (o maior desde o fim da Guerra Fria) que envolve Portugal, Espanha e Itália e 35 mil homens de 33 países (28 da Nato e cinco “aliados”). Sabe-se que a Nato é um instrumento de guerra imperialista responsável por numerosos actos de agressão, destruição de países, morte e deslocação forçada de milhões de pessoas, como é patente no Iraque, Afeganistão, Líbia e Síria. Mas além disso, o exercício em curso é, pela sua magnitude e pelo momento em que decorre, uma demonstração de força conjunta da UE e dos EUA em face da evolução dos acontecimentos no Mediterrâneo — especialmente na Síria, em que a intervenção da Rússia travou as intenções de europeus e norte-americanos de derrubarem o regime sírio como fizeram na Líbia, com as consequências que se conhecem.


Assis, um socialista de fancaria

17 Outubro 2015

A hipótese de o PS fazer uma coligação de governo com partidos à sua esquerda fez saltar de indignação numerosos “democratas” e até “socialistas”, habituados que estão à rotina do ora governas tu, ora governo eu, ora governas tu mais eu. Francisco Assis (assim como João Proença, Álvaro Beleza e outros) acha que uma coligação de esquerda é “completamente impensável” e que um governo da coligação “é o melhor para o país e para o PS”. Discorda, assim, das diligências levadas a cabo por António Costa com o BE e o PCP com vista à formação de um governo e considera que quem devia ser nomeado era Pedro Passos Coelho e não António Costa, ficando o PS na oposição a negociar com o PSD/CDS. Isto é, o PS servindo de bengala à coligação PSD/CDS e introduzindo aqui e ali algumas melhorias na prossecução da nefasta política da coligação de direita.


Sintonia

14 Outubro 2015

Nuno Melo, vice-presidente do CDS e deputado europeu, agitou o fantasma de um novo PREC na sequência dos resultados eleitorais de dia 4 e diante da possibilidade de o PS formar governo à esquerda. Esta baboseira para consumo de débeis mentais, que já usara aquando da eleição de António Costa para a direcção do PS, coincide com a “análise” feita pelos fascistóides do PNR, que vêem as coisas assim: “Das duas, uma: ou vamos ter um governo minoritário (…), ou vamos ver a Esquerda a dar as mãos e assistir-se [sic] ao ressurgir de um novo PREC, adoçado pela esquerda chique, acossado pela União Europeia e aplaudido pelos lóbis abortista, gay e da droga”. O PNR não elegeu nenhum deputado, mas tem um bom porta-voz nas mais altas instâncias.


A opinião do sr. Silva

13 Outubro 2015

Com o argumento estafado de tratar-se de uma “opinião pessoal”, os órgãos dirigentes da UGT tiveram de vir a terreiro desautorizar o seu secretário-geral. Carlos Silva, defendeu sem rebuço a formação de um governo PSD-CDS com o apoio do PS, por achar ser essa a fórmula que dá “garantia de estabilidade”. Pessoal ou não, a opinião mostra que a “estabilidade” que agrada a Carlos Silva é a dos últimos 4 anos, em que o governo PSD-CDS fez o que quis em boa parte porque a UGT o consentiu na Concertação Social. Foi com esse consentimento que o governo se pôde gabar diante dos parceiros europeus de ter levado a cabo a política de austeridade com o “acordo” dos trabalhadores portugueses. Percebe-se assim que a UGT queira apenas distanciar-se das afirmações do sr. Silva, mas evite tratar da questão política que elas levantam — e que é: de que lado está a UGT.


Um presidente às vezes bem informado

24 Julho 2015

Cavaco Silva afirmou, corroborando Passos Coelho, que as declarações de Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia — segundo o qual o primeiro-ministro português, juntamente com a Espanha e a Irlanda, se teria oposto à discussão, antes das eleições legislativas, sobre a insustentabilidade da dívida grega e o seu eventual corte — não correspondiam nada às informações de que o presidente português dispunha.
Juncker não é flor que se cheire, mas o que disse tem sentido. Fica-se assim na dúvida sobre a qualidade das informações de que Cavaco dispõe. Serão do mesmo tipo daquelas que há pouco tempo dizia ter sobre a solidez do BES e a confiança que nele se poderia depositar — conhecido como é hoje o fundamento da sua convicção?