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Arquivo: Janeiro 2015
Terror artesanal vs terror industrial
Manuel Raposo — 29 Janeiro 2015
A onda de condenação do “terror islâmico” lançada pelos governos da UE e dos EUA atinge proporções de histeria. E a coberto disso são tomadas medidas de reforço da vigilância policial com evidentes efeitos imediatos sobre a liberdade de movimento dos cidadãos.
Em França, na sequência dos ataques em Paris, o governo decidiu contratar mais 2680 agentes para os serviços secretos, de segurança e de justiça e gastar com isso mais de 730 milhões de euros nos próximos três anos. Também a redução dos efectivos militares sofre uma travagem. Anuncia-se que mais de 3 mil pessoas “suspeitas” de jihadismo serão alvo de vigilância. Recentemente, uma criança árabe de 8 anos foi interrogada numa esquadra de polícia em Nice acusada de “apologia do terrorismo” depois de ter dito na escola que estava do lado dos homens que atacaram a redacção do Charlie Hebdo.
Por cá, também o Sindicato Nacional da Polícia, seguindo o conselho dos colegas espanhóis, recomenda aos agentes que andem sempre armados, mesmo nas horas de folga e em férias — tudo, uma vez mais, à conta das “ameaças terroristas”.
Greve dos professores à prova de avaliação
28 Janeiro 2015
Vários sindicatos convocaram uma greve de professores e educadores a todo o serviço que seja atribuído entre 1 e 28 de Fevereiro, relacionado com a prova de avaliação de conhecimentos e capacidades (PACC). Trata-se de um protesto contra uma prova obrigatória para quem, mesmo com habilitações académicas para dar aulas, não tem vínculo efectivo, possui menos de cinco anos de serviço e quer candidatar-se a um lugar na educação pré-escolar ou nos ensinos básico e secundário.
A causa das coisas num mundo à beira do caos
José Borralho — 27 Janeiro 2015
Teria sido por acaso que os maiores carniceiros do mundo, os instigadores da violência, causadores de centenas de milhares de mortos e de muitos milhões de refugiados que deambulam pelo Médio Oriente como vítimas de uma tragédia de dimensões universais (iraquianos, líbios, sírios, palestinianos, malianos, etíopes e outros) — teria sido por acaso, pergunto, que os fautores da guerra tivessem encabeçado a manifestação de Paris em “defesa da liberdade de expressão” e de condenação ao acto terrorista que vitimou doze pessoas? Claro que não foi por acaso!
Novos donos
26 Janeiro 2015
A afirmação de Passos Coelho de que “os donos do país” estão a desaparecer, significando ele com isso os grandes grupos nacionais apoiados pelo Estado, tem de se entender como uma confissão. Passos Coelho assume, com efeito, o seu papel de agente do capital internacional para o efeito de “libertar” o capital português das suas âncoras nacionais e o levar a fundir-se por inteiro nos grandes grupos espanhóis, europeus ou mundiais. Retirar-lhe o apoio estatal é uma peça dessa manobra, como manda a UE.
É a isso que o primeiro-ministro chama “uma economia mais aberta”. E foi por desempenhar plenamente esse papel, escudado nos interesses maiores do capital europeu, que Passos Coelho, por exemplo, rejeitou os apelos de financiamento estatal por parte do grupo GES-BES — não por bravura política própria ou por pena dos contribuintes.
Lutas dos moradores, lançamento de livro
23 Janeiro 2015
No dia 30 de Janeiro, pelas 18h30m, no Bar A Barraca, Jardim de Santos, é apresentado o livro Sem Mestres, nem Chefes, o Povo Tomou a Rua. Trata-se de um livro sobre as lutas dos moradores no pós-25 de Abril de 1974, da autoria de José Hipólito dos Santos, militante político-social de pendor libertário e bom conhecedor deste tipo de problemas. Edição da Letra Livre.
Ver as origens políticas dos atentados de Paris
Manuel Raposo — 22 Janeiro 2015
“Loucos”, “fanáticos”, etc. são os nomes mais comuns dados aos autores dos atentados de Paris pelos governos europeus, seguidos por grande parte da opinião pública. A “irracionalidade” seria portanto a marca da acção destes “extremistas” que não teriam outro objectivo senão destruir a “civilização ocidental”, pelo ódio que os mobilizaria contra a liberdade e a democracia.
Na verdade, este é o caminho mais curto para evitar a pergunta crucial: quais são as motivações políticas dos atentados?
É esta a questão a que os poderes da Europa querem fugir, porque admitir que haja motivações políticas na origem dos atentados será abrir a porta para julgar o comportamento da União Europeia (bem como dos EUA) em relação ao mundo árabe e muçulmano.
País Basco: sindicatos de classe contra a repressão
Vários sindicatos de Espanha divulgaram, em 13 de Janeiro, um abaixo assinado repudiando a detenção de 16 pessoas, entre as quais se encontram vários advogados, assim como a busca a sedes como a do sindicato LAB (*), que se verificaram no País Basco. Afirmam os subscritores: “todas estas actuações pretendem criar um clima de medo e de insegurança e criminalizar pessoas e organizações bascas, como o sindicato LAB, num momento de grande mobilização do povo basco”. E, acrescentam, “não foi por acaso que a operação tenha tido lugar um dia depois da manifestação massiva que se realizou para exigir o respeito pelos direitos humanos dos presos e presas e para a resolução do conflito pela via democrática e do diálogo”.
No caso BES, o que é “toda a verdade”?
Manuel Raposo — 18 Janeiro 2015
O propósito anunciado da comissão de inquérito ao caso BES foi o de apurar “toda a verdade”. O slogan foi repetido inclusive pela esquerda parlamentar, que assim parece acreditar que das audições à família Espírito Santo e quejandos possam sair revelações decisivas para perceber o que se passou. Que verdade “toda” é essa?
Serão as trafulhices de Ricardo Salgado e família? As ligações íntimas com o poder e os centros de decisão financeiros? A facilidade em usar dinheiro público? A cobertura dada ao “bom nome” do BES pelo presidente da República, pela ministra das Finanças e pelo primeiro-ministro quando estava em marcha o golpe final que afundaria o grupo? A tolerância das entidades “fiscalizadoras” para com as manobras dos Espírito Santo? As ligações pessoais que lhes permitiram desfalcar a PT? O golpe que levou à falência o BES Angola? Os subornos e os ganhos por baixo da mesa?
A menos que se apure quem são os cúmplices de mãos untadas que permanecem na sombra, tudo o mais já é sabido e não será mais do que confirmado.
Missão de “vigilância”
Agora através de uma missão de “vigilância”, a União Europeia fiscaliza e faz recomendações ao governo sobre a política a seguir. Em Dezembro, esse herdeiro da troika atacou o que chamou a perda de ritmo do governo no que respeita a “reformas estruturais”. E passou de imediato a dizer o que será preciso fazer e não fazer, de acordo com os interesses maiores dos capitais europeus, obviamente.
Primeiro, o salário mínimo não devia ter sido aumentado. Segundo, o fim da contratação colectiva não deve ser travado nem protelado. Terceiro, é preciso liberalizar o mercado do arrendamento urbano e cobrar mais impostos sobre as rendas de casa. Ou seja, despejos mais fáceis e rendas mais altas.
Bem na alma do regime
Urbano de Campos — 12 Janeiro 2015
Quando foi questionado sobre a prisão de José Sócrates, Cavaco Silva sublinhou, com a sua costumeira solenidade, que as instituições estavam “a funcionar com toda a normalidade”. A carga política desta declaração é evidente, sobretudo se lembrarmos o facto de Cavaco Silva não ter afirmado o mesmo a propósito do caso BPN, da compra dos submarinos, do caso Monte Branco, do conluio entre os serviços secretos e a maçonaria, do caso BES, do caso SEF, do caso Tecnoforma e por aí adiante.
Em torno destes casos, trava-se evidentemente, mesmo de forma surda, uma luta entre as classes dominantes de que a vingança política, a chantagem e a procura de vantagens são armas e desiderato. Uns casos escondem outros, ou colocam-nos na sombra. Basta ver como, em poucos meses, a fraude no BES apagou o caso do sucateiro Manuel Godinho, o escândalo do SEF tirou da primeira linha o BES e a prisão de Sócrates anulou o SEF. Ou como antes as patifarias de Duarte Lima apagaram o escândalo do BPN. Etc.