Arquivo: Agosto 2008

O Primeiro de Janeiro tem edição ilegal

Rui Pereira / Rui Ferreira — 8 Agosto 2008

Após dois meses de salários em atraso, o despedimento ilegal dos jornalistas e outros trabalhadores e um reinício clandestino da edição, às mãos de redactores de um outro órgão de comunicação do grupo, O Primeiro de Janeiro, título com 140 anos de vida na imprensa portuguesa e portuense, tornou-se um exemplo emblemático da selvática gestão capitalista da comunicação social.


A vida como pena

Rui Pereira —

libertacao-de-inaki-de-juana-chaos.jpgA saída do ex-membro da ETA Iñaki de Juana Chaos no princípio de Agosto, ao cabo de 21 anos de encarceramento, foi antecedida e sucedida por uma campanha político-mediática sem precedentes, nem nos tempos mais agudos do «tratamento de choque» imposto ao problema nacional basco pelo ex-primeiro ministro Aznar e pelo seu partido, o Partido Popular, de direita.


Então e as regras do mercado?

7 Agosto 2008

“Haverá bancos que, no limite do crédito malparado, vão acabar a ser salvos pelos governos”, afirmou Alan Greenspan, ex-presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos. Então o famoso mercado que tudo regulava, já não se aplica aos banqueiros? Regras do mercado só para despedir livremente trabalhadores, para encerrar empresas e para subir os preços dos bens de consumo. É claro que quando os governos intervêm para salvar os bancos privados o fazem com o dinheiro dos impostos pagos pelos trabalhadores. Maravilhoso mundo capitalista!


Multivending: trabalhadores resistem

O patrão da Multivending (ver notícia ao lado) entrou ontem nas instalações da firma e tentou sair, protegido pela polícia, com dinheiro que estava no cofre da empresa, cerca de 20 mil euros, ao que se julga. Mas os trabalhadores que faziam piquete formaram cordão e disseram que ele podia sair mas o dinheiro ficava. Perante a determinação mostrada, o patrão teve que deixar o dinheiro no cofre, o que para já representa uma pequena vitória. Entretanto, a SIC Notícias passou imagens no noticiário das 20 horas, facto que animou os trabalhadores por verem que a luta está a ser conhecida.


Poupar nos subsídios de desemprego

O Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social (MTSS) costuma usar várias artimanhas para atenuar os números oficiais do desemprego e reduzir o montante dos subsídios que paga aos desempregados. Em auditoria da Provedoria de Justiça (que a CGTP agora divulgou) denuncia-se a situação de vários desempregados que perderam os respectivos subsídios, por, tendo sido convocados por carta, não comparecerem nos centros de emprego, devido a não terem recebido as notificações. E como nem sempre é fácil provar que não se recebeu…Fosse por falha dos correios ou por outra qualquer, o certo é que o MTSS fica a poupar nos subsídios.


A juíza racista

A juíza Ana Gabriela Freitas, do Tribunal de Felgueiras, na sentença proferida em 29 de Julho em que condenou cinco ciganos por confrontos com a GNR, acusou por junto os ciganos de serem “marginais” e “traiçoeiros”, de terem “pouca higiene” e de serem “integralmente subsídio-dependentes” do Estado. Estas apreciações provocaram, com razão, um coro de protestos e denúncias. Na Itália, esta juíza já estaria, por certo, a pôr em prática a base de dados racista anticigana do governo Berlusconi. Sendo os Tribunais um dos três poderes do Estado burguês, é um simples caso de “fugiu-lhes a boca para o que pensam”.


Trabalhadores da Multivending exigem pagamento de salários atrasados desde Novembro

Manuel Monteiro — 6 Agosto 2008

Novos dados: Patrão impedido de sair com dinheiro da empresa. Ver na coluna ao lado Multivending: trabalhadores resistem.

multivending3_reduz.jpgO Mudar de Vida esteve com os trabalhadores da Multivending que cercam as instalações da empresa, situadas na rua Alfredo da Silva, na Abóboda, perto de Cascais. O ramo de actividade da empresa é o chamado “vending”, isto é, coloca máquinas de café e de sandes nos locais de trabalho. Os cerca de 40 trabalhadores estão em luta porque, desde Novembro do ano passado, têm ordenados e subsídios em atraso. A divulgação e o apoio às suas exigências são muito importantes, pois, como salientou um dos trabalhadores que falaram para o MV, “se ficarmos reduzidos à nossa pouca força e ao silêncio, poucas hipóteses teremos”.


Para os israelitas vale tudo

Os habitantes de Gaza vivem em condições inimagináveis de cerco militar, de cortes à energia e aos produtos essenciais, de desemprego e carências de toda a espécie. Os doentes graves que precisam de cuidados de saúde especializados e urgentes têm de ter autorização de Israel para se irem tratar fora. Mas o Shin Bet, serviço secreto militar israelita, encontrou o método para lidar com esta situação: “Ou te ligas a nós, como informador regular do que se passa em Gaza, ou não te deixamos passar para o hospital”. A secção israelita dos Médicos Pelos Direitos Humanos fez a denúncia em recente relatório com base em entrevistas a 32 palestinianos vítimas da chantagem. (Ha’aretz / AP)


Propaganda enganosa (II)

A “Cinemateca do Porto” − anúncio do ministro da Cultura largamente noticiado e muito aplaudido porque corresponde ao desejo dos portuenses expresso numa petição que andou a circular − é pura ficção. Há apenas umas salas na Casa das Artes a precisarem de restauro total. E uma cinemateca é muito mais do que isso: instalações técnicas de manutenção e recuperação de filmes, equipamentos caríssimos de laboratório e projecção, programadores e projeccionistas, centro de documentação, etc. Num ministério onde não há dinheiro sequer para pagar aos vigilantes dos museus, com que dinheiro (e com que competências) vai o ministro cumprir a promessa?


Propaganda enganosa (I)

Anunciar “medidas” muito mediatizadas é uma das técnicas do governo para deixar vestígios “positivos” nas mentes dos eleitores. Algumas delas são negócios bem duvidosos. Um dos exemplos mais recentes são os 500 mil notebooks a que chamam “computadores”: o “Magalhães” para crianças do ensino secundário que já existia com o nome “Classmate” na Intel e está, aliás, tecnicamente ultrapassado. Só difere no nome e em alguns pormenores de aspecto. Os grandes beneficiados são os fabricantes: a multinacional Intel, a JP Sá Couto e a Prológica. E, claro, os fornecedores de acesso à internet, que ganham novos clientes, como já tinha acontecido com os computadores das “novas oportunidades”.