Factos e números sobre a ocupação do Iraque

Colectivo de coordenação "5 anos de resistência" — 24 Março 2008

iraquejornalembbeded_72dpi.jpgOs números e os factos que melhor retratam os cinco anos de ocupação do Iraque são, na maior parte, desconhecidos da opinião pública. Não porque sejam inacessíveis, mas porque os grandes meios de informação deles não fazem a devida divulgação. A opinião pública é induzida a acreditar que a violência e a destruição no Iraque não são frutos directos da acção dos ocupantes, e que a resistência se confunde com bandos de malfeitores. Alguns números e factos apontam justamente o contrário: é a ocupação que está na origem da devastação da sociedade iraquiana; e a resistência patriótica é uma força coordenada no plano militar e político, dotada de um programa para um Iraque democrático.

Genocídio: mais de um milhão de iraquianos foram mortos desde o início da ocupação, dez vezes mais que os números oficiais. A principal causa de morte violenta é a actuação das forças de ocupação. Entre 1991 e 2003, tinham morrido já 2,7 milhões de iraquianos em consequência do embargo económico imposto pela ONU.

Refugiados:
O Iraque é hoje o primeiro país do mundo em número de refugiados: 2, 5 milhões no interior e 2,2 milhões nos países vizinhos. Os mortos mais os refugiados atingem perto de um quarto da população iraquiana.

Pobreza extrema: 43% dos iraquianos vive com menos de 70 cêntimos por dia. 60 a 70% da população activa não tem trabalho.

Menos ajudas: apenas 60% dos iraquianos tem acesso a rações de alimentos governamentais. A cobertura era universal antes da invasão. Por pressão do Banco Mundial, a partir de Junho de 2008 este sistema de abastecimento será suprimido, assim como os subsídios aos carburantes.

Malnutrição infantil:
metade dos menores de 5 anos sofre de malnutrição. Triplicou o número de recém-nascidos com baixo peso, atingindo 11% dos nascimentos.

Contaminação nuclear:
em 1991 e em 2003 os EUA lançaram sobre o Iraque mais de 2500 toneladas de urânio empobrecido, em bombas e munições. Solos e reservas de água ficaram contaminados. Os efeitos vão perdurar por 4,5 mil milhões de anos.

Cancros e malformações:
em consequência da radioactividade, aumentaram em flecha as malformações congénitas, as leucemias, as doenças da tiróide e o número de cancros. No sul do Iraque os cancros aumentaram 11 vezes entre 1988 e 2002. As malformações congénitas atingem 67% dos filhos de soldados norte-americanos que estiveram no Iraque.

Destruição de infraestruturas:
70% da população deixou de ter água potável e 80% não tem esgotos. O abastecimento de electricidade está reduzido a duas horas por dia. A cólera, que tinha sido erradicada, espalhou-se por metade das 18 províncias iraquianas.

Destruição do sistema de saúde:
2 mil médicos foram assassinados. Metade dos 34 mil médicos existentes em 2003 abandonou o país. Dos 180 grandes hospitais, 90% carece de recursos essenciais. Os hospitais foram transformados pelos esquadrões da morte em centros clandestinos de detenção, tortura e assassinato.

Destruição do sistema de ensino: mais de 800 mil alunos deixaram de ir à escola primária (22%) e só metade dos que completam a instrução primária iniciam o secundário. Outras 220 mil crianças refugiadas com as famílias em países vizinhos estão sem escola. Mais de 300 professores e professoras de todas as universidades do país foram assassinados.

Destruição dos serviços públicos:
já em 2006, 40% do pessoal qualificado iraquiano tinha abandonado o país, levando ao desmoronamento dos serviços.

Roubo de recursos:
a produção de petróleo está deliberadamente sem controlo. Calcula-se que a exportação actual de petróleo iraquiano, dominada por empresas norte-americanas, atinja 2,1 milhões de barris por dia, menos meio milhão que antes da invasão. O Iraque tem de importar combustíveis para transportes e uso doméstico.

A fraude da “reconstrução”:
em Agosto de 2007, o governo iraquiano tinha aplicado apenas 4,4% do orçamento de Estado para esse ano.

Prisões em massa:
24 mil iraquianos estão presos à guarda das forças dos EUA. Mais 400 mil estão detidos em prisões governamentais.

Guerra sem lei: além das tropas norte-americanas e de outros países ocupantes, actuam no Iraque 180 a 190 mil mercenários, não abrangidos por nenhuma lei internacional.

Resistência: permanecem no Iraque 158 mil soldados dos EUA. Segundo dados oficiais norte-americanos, perto de 4 mil foram mortos e 30 mil foram feridos – 82% dos quais em combate.

Programa de libertação nacional: nos últimos dois anos, vários agrupamentos da resistência, incluindo 40 organizações militares, uniram-se numa frente de liberação nacional. Adoptaram um programa democrático que prevê a retirada das forças ocupantes, a reconstrução das estruturas do Estado, a criação de um governo de unidade nacional e a aprovação, em referendo, de uma nova constituição.


Comentários dos leitores

murcon 25/3/2008, 19:00

Cada americano morto, fico contente! Sou sincero-Puta que os pariu e que morram muitos.

João Bernardo 27/3/2008, 11:27

Os soldados norte-americanos que morrem no Iraque são tão vítimas como os iraquianos da política agressiva do governo dos Estados Unidos. São vítimas também da impotência política da esquerda, nomeadamente da esquerda norte-americana, e são vítimas da ignorância fomentada entre os cidadãos daquele país. Muitos deles têm protestado -- da maneira que podem -- contra a guerra que os obrigam a fazer. E muitas das mães de soldados mortos, essas que Murcon classificou como "putas", têm igualmente protestado contra a guerra. Em qualquer caso, o racismo nunca justifica um racismo inverso. É precisamente contra o círculo vicioso dos racismos que os anticapitalistas lutam.


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