O regresso de Relvas

Carlos Completo — 9 Junho 2015

relvasDepois de Passos Coelho, com a desfaçatez que lhe é habitual, ter elogiado Dias Loureiro como “empresário bem sucedido”, surge agora, em Julho, o lacaio Durão Barroso numa apresentação do livro O outro lado da governação, de Miguel Relvas e Paulo Júlio, sobre a chamada reforma da administração local. Trata-se de mais uma tentativa de branqueamento e de fazer regressar à cena política algumas sinistras figuras dos negócios e do aparelho de estado, envolvendo-as nas próximas campanhas eleitorais do PSD/CDS. Miguel Relvas e Dias Loureiro, além de serem parte da alma desta gente, são importantes pelo dinheiro que, pelas suas obscuras relações internacionais, podem angariar para as próximas campanhas eleitorais da coligação.

Recorde-se que, depois das eleições legislativas de Junho de 2011, Miguel Relvas, geralmente considerado o “braço-direito” do primeiro-ministro, foi escolhido por Passos Coelho para ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, responsável pela coordenação política do executivo, pela reforma da Administração Local e pela tutela da comunicação social. A actividade de Miguel Relvas no governo ficou marcada por diversas polémicas, atinentes à sua licenciatura, às suas relações com Jorge Silva Carvalho, antigo director do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (espionagem), assim como às pressões exercidas sobre jornalistas. Foi um dos ministros mais odiados e contestados do governo de Passos Coelho. Finalmente, após diversas manobras, intrigas e trapalhadas, Miguel Relvas viu-se obrigado a pedir a demissão em Abril de 2013.

O livro agora editado, com prefácio do antigo presidente do Governo espanhol José Maria Aznar, e apresentado por Durão de Barroso, conta com testemunhos de vários outros agentes e beneficiários do capital, como Marcelo Rebelo de Sousa, Pedro Santana Lopes, Marques Mendes e Fernando Ruas. Estas e outras iniciativas da área governamental partem do princípio que a maior parte das pessoas — neste caso o eleitorado — têm memória curta e que na altura dos próximos actos eleitorais já terão esquecido as numerosas malfeitorias praticadas pelos governos da coligação PSD/CDS. E, apesar de se conhecer antecipadamente o que estes falsários preparam, caso continuassem a ser governo, agora até já vêm prometer um futuro risonho aos portugueses. Mas as suas malfeitorias estão demasiado presentes e os sofrimentos das classes trabalhadoras e da maioria do povo têm sido enormes, pelo que os objectivos desta coligação do patronato podem (e devem) sair frustrados.


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