Com apoio de populares, piquete neutraliza GNR e impede entrada do lixo

17 Novembro 2007

valorsulpoliciavspiquete.jpgO MV tem estado a acompanhar a luta dos operários da Valorsul, cujo foco principal se passou a centrar no aterro sanitário do Mato da Cruz, perto de Bucelas. Quando chegámos, cerca das 22h, fomos informados de que a GNR, às 20h, dispersara o piquete e abrira caminho à entrada dos camiões. Todavia, às 22h30, o piquete – agora reforçado com o apoio de muitas dezenas de populares – conseguiu interromper a entrada de camiões, que foram formando uma longa fila na estrada. Tudo isto sob a vigilância de uma dúzia de GNRs e com a presença continuada de uma equipa de reportagem da SIC, que fez dois “directos” com entrevistas ao delegado sindical David Costa. Três camiões, à vez, deram meia volta e foram-se embora sob aplausos.

valorsulbloqueio1_72dpi.jpgPelas 2h30 da madrugada, chegou o Corpo de Intervenção, cujos carros – com grande aparato de luzes e agentes a armarem-se de capacetes e escudos – se mantiveram a uns 100 metros da entrada. O oficial que os comandava dirigiu-se aos trabalhadores intimando-os a “desobstruir a via pública” e acusando-os de “não deixarem trabalhar os camionistas que aguardavam na estrada”. Os trabalhadores deslocaram-se, com os seus apoiantes, para a linha do portão da empresa e responderam ao oficial: “Já não estamos a obstruir a via pública, somos trabalhadores desta empresa e estamos a exercer o nosso direito constitucional à greve. Além disso, os camionistas do lixo não são empregados desta empresa e, mesmo ali parados, estão efectivamente a trabalhar”. Nessa altura – momento assinalável da noite – alguns dos camionistas gritaram para a GNR: “Estamos aqui a trabalhar e os grevistas estão no seu direito e têm o nosso apoio”. Aplausos e filmagem da SIC. Uma agente da GNR empunhava uma câmara e também filmava; os trabalhadores disseram-lhe várias vezes: “Estás a filmar para o SIS?!” e fotografaram-na ostensivamente. Passados momentos, a força de intervenção retirou-se.

valorsulbloqueio2_72dpi.jpgÀs 4 horas retirou-se um carro da CM Lisboa que ali estava discretamente estacionado. E, coincidência ou não, todos os camiões deram meia volta e foram-se embora, até que não ficou nenhum. Retirou-se a seguir o último carro da GNR, e ficou apenas o piquete de greve e os seus apoiantes.

Entretanto, na manhã de hoje, dia 17, uma força da GNR voltou ao local, já na ausência dos populares que acompanharam a luta durante a madrugada, e forçaram o piquete de greve a retirar-se da frente dos portões. A passagem aos camiões do lixo – que regressaram em grande número, certamente sob indicação dos responsáveis das câmaras da zona – voltou assim a ser franqueada à força. No princípio da noite, o piquete de greve, sem a ajuda dos populares, decidiu retirar-se para avaliar a forma de prosseguir a luta.

valorsulbloqueio3_72dpi.jpgO contraste entre os acontecimentos da madrugada e o que sucedeu na manhã e noite de sábado é evidente. A solidariedade prestada localmente aos grevistas foi decisiva para que a paralisação se efectivasse, como é direito dos trabalhadores. Por sua vez, a ausência de apoio popular durante o dia 17 deu margem à intervenção policial que visa apoiar os propósitos dos patrões da Valorsul: manter o mais possível a normalidade no respeitante ao escoamente dos lixos a fim de desgastar a luta dos trabalhadores.


Envie-nos o seu comentário

O seu email não será divulgado. Todos os campos são necessários.

< Voltar