Conselhos “amigos”

Pedro Goulart — 16 Fevereiro 2011

cortar-salarios.jpgCarlos Zorrinho, secretário de estado da Energia e Inovação, disse recentemente num almoço -debate com jornalistas organizado pela Comissão Europeia que Bruxelas recomenda a Lisboa um “ajustamento dos preços e dos salários”, bem como a “flexibilização do mercado de trabalho”. Apesar de afirmar que o governo português não está “cem por cento de acordo” com todos os conselhos de Bruxelas, o secretário de estado lá foi dizendo: “Nós achamos que sim (pode haver ajustamento de salários e preços) mas, para ganhar competitividade, este é um dos componentes e não o único nem sequer o principal”. No que respeita à flexibilização do mercado de trabalho, Carlos Zorrinho manifestou a sua concordância com este objectivo de Bruxelas, mas “através de outros mecanismos”.

Recordamos que nos últimos dias também foi noticiado pelos média que uma missão (composta por elementos da UE, do BCE e do FMI) enviada à Grécia afirmou em conferência de imprensa que o programa de ajustamento orçamental deste país estava a ser implementado com sucesso, mas que ainda era preciso delinear e pôr em prática reformas estruturais significativas, assim como aumentar o nível das privatizações previstas, apontando para uma venda de activos da ordem dos 50 mil milhões de euros. Tais conselhos viriam a provocar protestos do governo grego, apesar da conhecida subserviência do executivo de Papandreou em relação às instituições político-económicas do imperialismo.

Com esta conversa mole, Carlos Zorrinho, à semelhança dos seus colegas de governo Vieira da Silva e Helena André, procura preparar terreno para a continuação e aprofundamento das medidas anti-trabalhadores desejadas pelo patronato, patrocinadas pela Comissão Europeia e pelo FMI, e que têm vindo diligentemente a ser postas em prática pelo governo de José Sócrates. Não pode haver ilusões quanto ao que diz este executivo do PS – quando numa semana eles afirmam que não aumentam os impostos, que não vão despedir, que não vão retirar os salários aos trabalhadores, nas semanas seguintes fazem precisamente o contrário.


Comentários dos leitores

afonsomanuelgonçalves 16/2/2011, 18:47

Com esta conversa "mole"?
Moles são os que admitem isto tudo implorando aos vilões, para não serem tão mauzinhos e não fazerem tantas malfeitorias a quem vive do seu trabalho. O resto virá por acréscimo como dizia Salazar citando o Novo Testamento...


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