Um PSD maquilhado

Pedro Goulart — 30 Março 2010

deputados_faltosos_psd_web.jpgFeitas as eleições no PSD e regressada à base a velha senhora, surge Passos Coelho à frente do partido, com uma enorme vontade de disputar o lugar até aqui ocupado pelo desacreditado José Sócrates. Ambos concorrentes no “bem trajar”, ambos sedentos de poder, ambos procurando bem servir os mesmos interesses – os da burguesia – resta ver em que cavalo vai esta agora apostar. Por que, quanto ao essencial, PS e PSD, assim como os seus dirigentes, estão de acordo. E quanto ao PEC, quando um disser mata, o outro certamente dirá esfola.

Mas quem é este Passos Coelho, defensor de um estado reduzido, preocupado fundamentalmente com uma “segurança” e uma “justiça”que defendam bem a sua gente – a classe burguesa – e deixem funcionar livremente o “mercado”? Através dos personagens que o rodeiam, talvez seja possível ficar com uma ideia mais precisa da política que irá prosseguir.

A equipa que lhe vai preparar o projecto de revisão constitucional (a negociar com o PS) é dirigida por Paulo Teixeira Pinto, monárquico, ex-Opus Dei e ex-presidente do BCP. E é constituída, entre outros, por Jorge Bacelar Gouveia (até há pouco presidente do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo, OSCOT, recentemente referido no MV), por Carlos Blanco de Morais, assessor de Cavaco Silva e direitista que se destacou como teórico neo-conservador nos meios universitários portugueses, após a eleição de Bush. Blanco de Morais destacou-se, igualmente, pelas suas posições de direita quanto a anterior legislação referente à integração dos imigrantes ou à, mais recente, respeitante aos casamentos entre pessoas do mesmo sexo.

De salientar, ainda, o importante papel que Ângelo Correia (também referido no mesmo artigo sobre o OSCOT) pode vir aqui a desempenhar. Embora, talvez, não venha a integrar agora os organismos dirigentes do partido, o actual presidente do grupo Fomentivest, onde Passos Coelho também é administrador, dispõe de enorme influência junto do novo presidente do PSD.

A luta partidária entre os partidos do bloco central (PS e PSD) vai intensificar-se nos próximos tempos. Mas, com ou sem novas eleições à vista, não pode haver ilusões entre os explorados. As medidas – duras – que aí vêm, contra os trabalhadores e os pobres, caso estes a elas não se oponham com a maior firmeza, serão certamente bastante penalizadoras dos seus direitos e interesses. E serão da responsabilidade destes dois partidos ou de um qualquer deles associado ao CDS.


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