Tópico: Economia

Incêndios e inundações: vamos ver mais disto

António Louçã — 18 Julho 2021

Os negacionistas das alterações climáticas continuarão a esconder a cabeça na areia

Nos Estados Unidos e no Canadá, temperaturas a rondar os 50 graus centígrados, causaram uma vaga sem precedentes de incêndios florestais e urbanos, tendo consumido até agora uma área equivalente a 350.000 campos de futebol.

O ano passado tinha registado os fogos florestais mais devastadores da história da Califórnia, mas este ano, em julho, já conseguiu ser pior. 


A explosão social na América Latina

Manuel Raposo — 29 Junho 2021

A América Latina já não é propriamente o quintal dos EUA

A agitação social e política na América Latina nos anos 2019 e 2020, especialmente antes do desencadear da pandemia, trouxe para as ruas milhões de pessoas reclamando mudanças políticas e melhores condições de vida. No final de 2019, todo o Continente esteve em ebulição praticamente simultânea. Foi a maior turbulência das últimas décadas, marcada não só por manifestações pacíficas mas também por forte repressão militar e policial a que os manifestantes responderam com violentos confrontos com as forças do poder. Centenas de mortos e milhares de feridos não chegaram para calar os protestos.


Os ricos vão mesmo pagar a crise?

Manuel Raposo — 17 Maio 2021

O desastre económico e social espoletado pela pandemia obrigou os EUA e a União Europeia a porem em andamento planos de despesa e de investimento envolvendo maciças intervenções dos Estados e biliões de dólares e de euros, como não se via desde os anos 30 e desde a Segunda Grande Guerra. Saudados como um novo New Deal ou como um novo Plano Marshall — e até baptizados como “de esquerda” por parecerem contrariar a política dita neoliberal dos últimos 40 anos — essas intervenções são na verdade planos de salvação de um capitalismo a braços com uma decadência inexorável.


Odemira, ou a modernidade da escravatura

António Louçã — 5 Maio 2021

Às primeiras palavras sobre uma requisição civil de alojamentos devolutos para instalar migrantes, houve alarme geral: aqui d’el rei que os comunistas comedores de criancinhas querem pôr-nos a dormir ao relento, aqui d’el rei que violam os direitos humanos dos proprietários. Afinal, a gritaria era uma folha de parra para encobrir as cumplicidades locais com o tráfico de pessoas e com a nova escravatura. E essas cumplicidades locais são alimentadas por conivências políticas, com sede no Governo.


O sagrado direito de causar miséria

Manuel Raposo — 25 Abril 2021

Com a pandemia, a destruição de emprego foi feita à custa dos trabalhadores mais pobres

Nos últimos 20 anos, a taxa de pobreza em Portugal andou sempre acima dos 20% da população, com picos em 2004 (26%) e em 2013 (30%). Os números — do INE, da Pordata e de um estudo recente da Fundação Francisco Manuel dos Santos —, mesmo se não coincidem em absoluto, não deixam margem para dúvidas acerca da dimensão da situação. Presentemente, são mais de dois milhões os portugueses que vivem abaixo do limiar da pobreza, o que significa ter um rendimento anual de 6 mil euros, ou 500 euros por mês. Mais significativo ainda, um terço destes pobres são trabalhadores empregados. Dito doutro modo, o trabalho não é remédio garantido contra a pobreza.


O que há de comum entre a Birmânia e a tragédia de Moçambique?

António Louçã — 10 Abril 2021

A Total é a grande responsável pela desgraça do povo moçambicano em Cabo Delgado

A resposta à pergunta deste título, resume-se numa palavra só: Total. A multinacional petrolífera instalada em Cabo Delgado foi durante muitos anos a principal financiadora do Exército birmanês e a mais incondicional aliada da ditadura. Agora, é a grande responsável pela desgraça do povo moçambicano na região de Cabo Delgado.


Caridade sim, justiça social é que não

Manuel Raposo — 31 Março 2021

Tudo menos tocar nas grandes fortunas, nos altos rendimentos, nos lucros do capital, na propriedade privada capitalista

Em final de fevereiro deste ano, os desempregados inscritos nos centros de emprego (IEFP) tinham subido acima de 430 mil, mais 37% do que no início do ano passado, o valor mais alto desde maio de 2017. Ao longo de 2020 o ritmo dos despedimentos colectivos tornou-se galopante. Como se nada disto contasse, as organizações patronais continuam a repetir o dogma de sempre: “são as empresas que criam emprego” — quando as evidências mostram que são as empresas, isto é, o capital, que destroem postos de trabalho e liquidam meios de produção. 


Vacinas covid: alto negócio e arma política

Manuel Raposo — 14 Fevereiro 2021

Países ricos primeiro, depois os pobres. Prazos de vacinação: verde escuro-final de 2021, verde claro-meados de 2022, laranja-final de 2022, vermelho-de 2023 em diante. Fonte The Economist

Já foi dito que as crises ditas “naturais”, mesmos os cataclismos imprevisíveis, põem a nu as fragilidades  das sociedades que atingem. A crise sanitária, social, económica desencadeada pelo coronavírus é disso exemplo, com a agravante de a erupção viral ser de há muito previsível, se não na sua forma precisa, pelo menos na probabilidade de ocorrer. Mas há outra face das sociedades actuais que fica a descoberto: a miserável competição entre as principais potências capitalistas mundiais na corrida às vacinas, quer pelos lucros colossais proporcionados às farmacêuticas, quer pela busca de vantagens políticas.


O estado da nação

Editor — 29 Janeiro 2021

De acordo com um estudo da consultora Mercer divulgado pela imprensa, os directores executivos das empresas portuguesas ganham em média 10 vezes mais do que os respectivos trabalhadores, incluídos aqui todos os trabalhadores, sem diferenciação de escalões ou funções. Mas a coisa piora substancialmente quando se entra no detalhe.


O estado da nação

Editor — 26 Dezembro 2020

A Autoridade da Concorrência (AdC) aplicou uma coima de mais de 300 milhões de euros a seis hipermercados (Continente, Pingo Doce, Auchan, Lidl, Leclerc, Intermarché) e a duas distribuidoras de bebidas (Sociedade Central de Cervejas e Primedrinks) por combinarem preços de forma a fazê-los subir gradualmente no mercado. Esta prática estendeu-se por dez anos. As empresas multadas dominam o mercado retalhista do país, e pode dizer-se que, em conjunto, constituem um monopólio da venda ao público de praticamente todos os artigos de primeira necessidade. A coima aparenta mão pesada, mas deixa alguns mistérios por decifrar: o que andou a AdC a fazer durante dez anos? quantos milhões a mais lucraram os infractores nesses dez anos de rédea solta? quantos mais produtos, além das bebidas, terão preços combinados?