Temos programa

26 Janeiro 2017

Insurgindo-se contra a “falta de sentido” de metade da riqueza mundial estar nas mãos de 1% da população, o director do Diário de Notícias, Paulo Baldaia, alerta que essa “injustiça” torna os eleitores “permeáveis ao populismo”, e leva-os a elegerem “maus governos”. Indignado, Baldaia clama que “não podemos ficar reféns de megacapitalistas que querem tudo para eles”. Tentando ir mais fundo, Baldaia analisa: “o maior erro da globalização” foi o de “não ter precavido” os direitos sociais dos trabalhadores “em zonas do globo mais pobres”. E propõe: “maior justiça social, assente numa economia de mercado com uma melhor distribuição da riqueza criada”. É todo um programa em poucas linhas.
Mas como queria PB que a globalização respeitasse direitos sociais se a condição do crescimento capitalista das últimas décadas foi precisamente acabar com a barreira dos direitos do trabalho e explorar até ao tutano os povos das zonas do globo que faltava explorar? Como quer “justiça social” numa “economia de mercado” se o mercado é uma competição regida pela lei do mais forte? Como pode “melhorar a distribuição da riqueza” se o acesso à riqueza é ditado pelos direitos intocáveis da propriedade privada? Como pretende que haja “paz” e “solidariedade” se as guerras promovidas pelas grandes potências são instrumento e condição da sua supremacia?


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