Apoio popular foi decisivo para uma luta que durou oito dias

3 Dezembro 2007

valorsulgnr3_72dpi.JPGDepois de uma greve de três dias em Setembro, foram desta vez oito dias seguidos de luta, de 13 a 20 de Novembro. Enfrentando a chantagem da administração da empresa – que só queria discutir aumentos salariais a troco da alteração de cláusulas do acordo de empresa que implicavam com as horas extra – os trabalhadores da Valorsul exigiam um aumento salarial de 3,7% sem redução dos períodos de descanso entre turnos.

A Valorsul é uma lucrativa empresa maioritariamente detida pela Empresa Geral de Fomento e pela EDP e comparticipada pelos municípios de Lisboa, Amadora, Loures e Vila Franca de Xira (todos de maioria PS), para o tratamento e reciclagem dos lixos domésticos destes quatro concelhos e ainda do de Odivelas. Apesar de se limitar a esta área geográfica, recicla um sexto de todo o lixo doméstico do país. As 750 mil toneladas de lixos recebidas cada ano pela Valorsul constituem uma matéria prima gratuita, encaminhada para a empresa pelos serviços de recolha de lixo dos municípios, que é transformada em produtos reutilizáveis e rendosos.

Na greve de Novembro, os patrões da Valorsul tiveram logo à partida o apoio, ilegal, do governo e das forças policiais. A pretexto de “serviços mínimos” abusivos, de “defesa da saúde pública” (que nunca esteve ameaçada pela greve) e do forjado “direito ao trabalho” de pessoas estranhas à empresa, as forças repressivas (neste caso a GNR) foram mais uma vez usadas para impedir ou limitar o direito à greve.

O MV acompanhou, desde o início, as sucessivas fases do conflito (ver os vários artigos neste site). Nos momentos cruciais, foi decisiva a presença de populares junto do piquete de greve, sobretudo no aterro de Mato da Cruz onde se centrou a repressão e a resistência dos trabalhadores. Sempre que esse apoio faltou, a GNR atacou, dispersando o piquete e abrindo passagem aos camiões do lixo.

No dia 20, os trabalhadores decidiram suspender o movimento para negociar. De momento, persiste o desacordo sobre a duração do descanso aos fins de semana, que a administração quer reduzir.

Contamos publicar em breve uma entrevista com os delegados sindicais da empresa.


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