A alternativa desceu à rua

6 Março 2013

As grandes manifestações de 2 de Março voltaram a trazer à rua, de norte a sul, centenas de milhares de vozes contra o rumo que o país segue, mostrando pelo menos quatro coisas.

Primeira, o movimento que se levantou em Setembro passado voltou a erguer-se. Não se esgotou, não definhou em números e reforçou os seus alvos político ao focar-se na austeridade, no governo e na troika.

Segunda, fica a nu a corrupção desta democracia feita à medida dos poderosos e dos ricos. O truque de dizer que as eleições conferem a um governo legitimidade por quatro anos, faça ele o que fizer, já não convence. Desprezando esta vigarice e reclamando que o governo se vá embora já, as pessoas afirmam que esta democracia formal não lhes serve.

Terceira, o governo não cairá apenas por força destas manifestações, escudado como está no “funcionamento das instituições”. Mas fica à vista a natureza de classe dessas mesmas instituições (Presidente da República, Parlamento, Tribunal Constitucional…) que mostram servir exclusivamente para defender a ordem dominante: no caso, um governo apostado em reduzir a população à miséria para tentar salvar um sistema social caduco e em crise.

Quarta, a amplitude dos protestos e a vontade de lutar demonstrada por milhares e milhares de pessoas revelam que está em marcha um movimento de fundo que ultrapassa o quadro dos protestos organizados e que pode criar novas condições para a luta política das massas, isto é, para uma influência directa das massas populares no rumo dos acontecimentos políticos.

A política regressa às ruas. É aí que pode afirmar-se a força e a capacidade transformadora do povo unido. É aí que está a alternativa.


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