Manifestações e greves em Itália contra o Orçamento 2008 e a flexi-segurança

José Mário Branco — 12 Novembro 2007

Grandes manifestações tiveram lugar no dia 10, por toda a Itália, em apoio à greve “geral e generalizada” convocada pelas organizações sindicais alternativas, em oposição aberta às centrais sindicais do sistema, CGIL, CISL e UIL – em Bolonha, o cortejo abria com três burros ostentando os nomes das três centrais. Mais de 2 milhões de grevistas por todo o país provocaram fortes perturbações nos transportes, na educação (professores e estudantes), na saúde, na administração pública e em centenas de grandes empresas, com destaque para a Fiat, com 70 a 90% de participação operária. Houve manifestações de 50.000 em Roma e em Milão, e mais 400.000 em 25 manifestações por toda a Itália.
Este movimento, convocado pelos sindicatos de base (Cobas, Cub Rdb, SdL, Cub Unicobas, Slai Cobas, Al Cobas e Usi Ait), tem como base uma decidida oposição ao Orçamento de Estado (Finanziaria) e à flexi-segurança por parte dos trabalhadores, que não se revêm nas posições conciliatórias e colaboracionistas da burocracia sindical do sistema. “Não às políticas económicas e sociais do governo de Prodi”, que é um governo de centro-esquerda.
É de destacar que, em muitas empresas e serviços públicos, inúmeras organizações de base dos sindicatos tradicionais e dos partidos da esquerda reformista se solidarizaram com o movimento grevista e participaram nas manifestações – ao arrepio das posições das respectivas direcções regionais e nacionais.
Toda a imprensa, mesmo a direitista, reconhece o êxito deste dia de greve geral e a importância das manifestações que a apoiaram. Alguns factos mais espectaculares: o aeroporto de Fiumicino (Roma) teve de cancelar 74 voos; os 2000 espectadores que iam ao Scala de Milão ouvir o Requiem de Verdi dirigido por Daniel Barenboim encontraram os portões fechados; durante as manifestações foram pintadas centenas de pichagens em paredes e muros; Roma e Milão ficaram praticamente paralisadas.
Como disse, em Roma, Piero Bernocchi, porta-voz nacional das COBAS: “Ultrapassando as mais ousadas previsões, isto é um fortíssimo aviso para um governo que pratica o berlusconismo sem Berlusconi”.
(Fonte: RDB-CUB, La Reppublica, Il Manifesto)


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