Resposta a um defensor do horrorismo

José Mário Branco — 7 Novembro 2007

O escritor inglês Martin Amis escreveu, no seu ensaio The Age of Horrorism (A idade do horrorismo): “A comunidade muçulmana vai ter de sofrer até pôr a casa em ordem. Que tipo de sofrimento? Não os deixar viajar. Deportá-los, lá mais para o fim da rua. Supressão de liberdades. Revistar pessoas que pareçam ser do Médio Oriente ou do Paquistão. Coisas discriminatórias, até magoar a comunidade inteira e eles começarem a ser duros com os filhos deles”.
É uma defesa aberta da punição colectiva. Substitua-se “muçulmanos” por “judeus”, “ciganos” ou “arménios” e a afirmação é uma viagem aos períodos mais vergonhosos da nossa história. Terry Eagleton, autor marxista, professor de literatura inglesa na Universidade de Cambridge, atacou sem contemplações as posições de Amis no jornal The Guardian, facto que lhe valeu críticas dos seus pares que o acusaram de “defender o islamismo”. Pouco impressionado com as acusações, replicou nestes termos: “Os bombistas suicidas devem ser forçosamente travados para proteger os inocentes. Mas há qualquer coisa que revolta o estômago quando vemos os Amis e os seus aliados políticos, campeões de uma civilização que durante séculos executou inomináveis carnificinas por todo o mundo, reclamarem medidas ilegais quando se vêem pela primeira vez no lado contrário do mesmo tratamento.”
(http://www.guardian.co.uk/commentisfree/story/0,,2187641,00.html)


Comentários dos leitores

José Luiz Sarmento 13/11/2007, 23:18

Para além do fedor a punição colectiva, a proposta de Martin Amis só poderia ter, falando pragmaticamente, uma de duas consequências: ou a mais abjecta submissão da comunidade islâmica àquilo que não poderia deixar de ser considerado uma forma de terror de Estado, ou a adesão dos muçulmanos de meia-idade ao extremismo dos filhos. O que nunca se verificará é o efeito pretendido por Amis.
A história da literatura está cheia de grandes escritores que foram grandes patifes. Não será por isto que deixarei de ler este, mas não sei se conseguirei evitar lê-lo com outros olhos.

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