Não à extradição de George Wright

3 Outubro 2011

George Wright, ex-membro de uma organização de luta armada dos EUA – o Exército de Libertação Negra – foi recentemente preso em Sintra, a pedido das autoridades norte-americanas. É acusado por actos alegadamente praticados há cerca de 40 anos. Dada a conhecida subserviência do Estado português em relação aos EUA, é de prever que fortes pressões políticas sejam exercidas sobre o aparelho judicial português para a entrega de Wright a um país – os EUA – cujo desrespeito pelos direitos humanos é notório e em que a aplicação da pena de morte ou da prisão perpétua são práticas habituais.


Comentários dos leitores

Solidariedade com Jorge dos Santos 22/10/2011, 10:14

Nestes últimos dias a comunicação social desdobrou-se em notícias sobre a prisão de Jorge dos Santos/George Wright diabolizando-o perante a opinião pública, sem informar sobre o contexto da realidade social e racial dos anos 60-70 nos EUA. Uma sociedade onde o racismo dominava e a comunidade negra vivia na pobreza, o que impulsionou activos movimentos de resistência e de lutas dessa comunidade pelos seus direitos. Edgar Hoover, o então chefe do FBI, estabeleceu como objectivo principal desta policia o desmembramento das mais activas organizações do movimento negro, entre as quais os Black Panthers uma organização que lutava pelos direitos da comunidade negra e instituiu um programa social de apoio à comunidade. Ao mesmo tempo outras organizações racistas eram toleradas pela polícia e desenvolviam frequentes provocações, espancamentos e linchamentos, nomeadamente os KKK (Ku Klux Klan).
Foi dentro deste enquadramento que, em 1962, Jorge Santos/George Wright, então com 19 anos, se viu envolvido num assalto do qual resultou a morte de uma pessoa, e embora tenha sido provado que não foi o responsável directo dessa morte, isso não impediu o sistema judicial de Nova Jersey a condena-lo a uma pena de prisão de 30 anos
Passados 8 anos, Jorge/George evadiu-se da prisão de Bayside em Leesburg.
Na cidade de Detroit, para onde foi viver, entrou em contacto com o Black Liberation Army, uma organização que combatia pelos direitos dos negros americanos vindo a envolver-se nas suas actividades. Foi enquanto militante dessa organização política, que participou numa acção para obtenção de fundos, que consistiu no desvio de um avião de Delta Airlines, para Miami, a 31 de Julho de 1972.
O resgate pedido, de um milhão de dólares, foi entregue pelas autoridades americanas em troca da libertação de todos os passageiros, o que aconteceu sem que estes tenham sido molestados.
O resgate destinava-se a subsidiar a actividade da organização, nomeadamente apoiar socialmente a comunidade negra.
Ainda com a tripulação e avião, dirigiram-se para a Argélia onde pediram asilo politico, tendo o dinheiro do resgate sido devolvido aos EUA, juntamente com o avião e a tripulação.
Mais tarde os autores do desvio do avião exilaram-se em França , onde permaneceram alguns anos. Foi após a prisão dos seus camaradas que Jorge/George veio para Portugal, e em seguida para a Guiné Bissau, onde lhe foi dado asilo politico, e por protecção, uma nova identidade.
Jorge, durante a sua permanência neste país africano, fez voluntariado junto das camadas jovens, ensinando basquetebol, e desenvolveu diversas outras actividades sociais.
No final dos anos 70, conhece uma portuguesa, com quem se vem a casar. Há cerca de 30 anos, veio viver para Portugal onde adquiriu legalmente a nacionalidade portuguesa. Jorge, como qualquer outro cidadão, trabalha para a sua subsistência e de sua família (esposa e 2 filhos), não deixando, porém, de participar em actividades de solidariedade, estando sempre disponível para ajudar o próximo.
Apesar de ter a sua imagem denegrida pela comunicação social, é possível verificar-se que se trata de um cidadão integrado e acarinhado pela comunidade onde reside.
Consideramos que o Jorge só tem uma pena a cumprir: a absolvição. Por isso exigimos a sua liberdade incondicional .
A extradição para os EUA para cumprir o resto da pena, passados 41 anos, mesmo com dúvidas quanto a veracidade dos factos propangadeados, só pode ter como resposta Não!
O que o FBI pretende é vingar-se da humilhação que sofreu, quando teve que entregar o resgate em fato de banho e deixar partir o avião nas suas barbas.
EXTRADIÇÂO PARA A PENA DE MORTE NÃO!
LIBERDADE PARA JORGE DOS SANTOS/George Wright!
Grupo de Solidariedade com Jorge Santos/George Wright
solidariedadejorgedossantos@gmail.com


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