Patrões despedem sem freio

PG/MR — 13 Janeiro 2010

despedimentosrohdeleardelphi_72dpi.jpgA cada mês, os números oficiais do desemprego confirmam, com atraso, o que os mais atentos já anunciavam. Em Outubro, a taxa de desemprego chegou aos 10,2% (mais de meio milhão de pessoas) e em Novembro aos 10,3% (cerca de 600 mil pessoas). Há sete meses consecutivos que o desemprego sobe. Mas os números reais serão, como em casos anteriores, mais elevados. Além dos contabilizados, estima-se que haja, pelo menos, outros 85 mil desempregados que já nem se registam nos centros de emprego. 450 pessoas batem à porta dos centros de emprego todos os meses. Calcula-se que 200 a 300 mil agregados familiares têm marido e mulher no desemprego. Entre os jovens o desemprego é de 20%, nos homens chega aos 9,6% e nas mulheres aos 10,9%.

A onda de despedimentos e de fecho de empresas prossegue com total impunidade. Como temos referido, as principais vítimas são, de longe, os operários da indústria. O sector automóvel, centrado na produção de componentes e acessórios, sofre o embate da quebra de vendas de viaturas em todo o mundo.

A Leoni, que fabrica cablagens, em Viana do Castelo, vai encerrar em Dezembro de 2010. Os 600 trabalhadores que restam na empresa (depois de 120 já terem sido despedidos) irão saindo ao longo do próximo ano. Justificação da administração: “a quebra total” de encomendas do único cliente, o grupo PSA (Peugeot-Citroen), que terá encontrado trabalhadores mais baratos noutras paragens.

Também a Delphi, com unidades na Guarda, Seixal e Castelo Branco, fabricante de componentes, e uma das maiores empregadoras da Guarda, decidiu despedir 500 dos 930 trabalhadores até fins de Março próximo, por “redução de actividade”. A Delphi internacional encerrou várias empresas em todo o mundo, despedindo 80 mil dos seus 180 mil trabalhadores.

A Fehst, outra fábrica de componentes, em Braga, está também ameaçada. Neste caso, apesar dos elevados níveis de produção, a administração criou uma empresa paralela e recorre à subcontratação. Os trabalhadores da Fehst são assim colocados em subocupação e até em paragem. Trata-se, denunciam os sindicatos, de “uma habilidade” que atinge os trabalhadores do quadro permanente.

Os trabalhadores de outros sectores industriais ou de serviços são igualmente ameaçados de despedimento ou sujeitos a pressões inaceitáveis. Em vários casos, não é a resignação que prevalece e lutas de resistência são postas em marcha.

Duas empresas de material eléctrico, a Paralux e a Serlux, no Cacém, foram declaradas insolventes; mais de 150 trabalhadores estão à beira do desemprego.

Na Poceram, fábrica de cerâmicas, em Coimbra, os 150 trabalhadores completaram em Novembro cinco meses com o contrato suspenso e salários em atraso. No propósito de impedir o fecho da fábrica decidiram “invadir” a assembleia de credores, em 17 de Novembro, para defenderem os postos de trabalho, pois todos se consideram também “credores”.

Igualmente os trabalhadores das empresas de vigilância, concretamente na Esegur e na Bonne-Segur, em Lisboa, têm exigido melhoria de condições laborais e de remuneração, recebimento de pagamentos atrasados e defesa de direitos violados pelos patrões. Nos aeroportos de Ponta Delgada e da Horta foram despedidos 18 trabalhadores da segurança privada, acusados de não terem feito os serviços mínimos durante a greve efectuada em Agosto, tendo o sindicato decidido levar o caso a tribunal.

Finalmente, duas greves. Em Outubro, os trabalhadores dos STCP, empresa de transportes colectivos do Porto, pararam em protesto contra o excesso de horas de trabalho impostas pela administração. Há trabalhadores que são forçados a fazer mais de 40 horas semanais, sem compensação, em violação do acordo de empresa. Aderiram à greve 75% dos trabalhadores.

Em 2 de Novembro, os trabalhadores da Gás de Portugal e da Lisboagás realizaram uma paralisação durante duas horas. Protestaram contra o bloqueamento das negociações sobre categorias profissionais e salários, e contra as violações das normas contratuais por parte das empresas, especialmente no que respeita às funções desempenhadas pelos trabalhadores.


Comentários dos leitores

André 14/1/2010, 23:18

Se os números do desemprego que as estatisticas apresentam fossem REAIS e não manipulados, o número total do desemprego rondaria os 15 ou 16%, não contando com aqueles que foram obrigados a emigração.
No entanto, é de lamentar que as Direcções Sindicais, continuem na mesma pasmaceira de sempre, ou seja recorrem na maioria das vezes aos tribunais e não à luta como se estes fossem o garante principal para os trabalhadores reaverem o que lhes pertence, não apresentado qualquer alternativa de luta aos trabalhadores, indo ao ponto de desejarem um novo empresário para viabilizar a empresa em questão. Pode-se mesmo considerar que a inexistência de luta por parte dos trabalhadores, na maioria das vezes, se deve mesmo à actuação dos "dirigentes" sindicais.
O recente "acordo de princípios" realizado entre o Ministério da Educação/Direcções Sindicais, onde no essencial se manteve o projecto de Sócrates/Maria de Lurdes Rodrigues, que comparado com a anterior legislação é um RETROCESSO nos direitos e na dignidade profissional dos professores, é bem um grande exemplo, e que a permanecerem Direcções Sindicais desta qualidade o II governo Sócrates bem pode esfregar as mãozinhas de contentamento, que terá a maior das facilidades no aprovamento do Orçamento de Estado, como na aplicação das suas políticas reaccionárias e anti-sociais daí decorrentes.
A luta contra o desemprego terá que passar forçosamente contra o novo Código de Trabalho (e não apenas contra as medidas mais gravosas, como propõem as Centrais Sindicais) pela redução do horário de trabalho, bem como pela ocupação das próprias empresas.
Saudações Sindicais.
"classecontraclasse.blogspot.com"
"Classe contra Classe !"

André 18/1/2010, 3:04

Que o 18 de Janeiro de 1934, inspire a luta que o proletariado português tem que travar contra o capitalismo, pela defesa dos seus interesses imediatos e pela sua emancipação.
Consultem "achispavermelha.blogspot.com" e leiam o texto públicado sobre esta data gloriosa, da luta do proletariado contra a Ditadura fascista/capitalista.
Saudações comunistas
"A CHISPA!"


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