Não é assim que se ganham as lutas!

Vladimiro Guinot — 10 Outubro 2007

Na véspera do plenário realizado a 4 de Outubro, em Cacilhas, os sindicatos puseram a correr dentro da empresa a notícia de que todas as formas de luta em curso iriam ser canceladas porque havia evolução nas conversações com a administração da Transtejo. No dia seguinte, no plenário, com uma participação de trabalhadores muito reduzida, os dirigentes sindicais anunciaram que a administração da empresa tinha arquivado os processos disciplinares aos grevistas mas continuava a considerar injustificadas as faltas no dia da greve. Informaram ainda que “o acordo está por muito pouco”.
Ora bem, o que de facto está em causa não são só os processos disciplinares e as faltas injustificadas. É também o roubo, pela empresa, do subsídio de assiduidade e de um dia de férias! Os trabalhadores quando decidiram fazer greve ao trabalho extraordinário e, mais tarde, avançaram com duas horas de greve por dia e por turno, pretendiam que a administração repusessem todos os direitos que lhes estavam a ser retirados. Não avançaram para a luta só por uma parte das reivindicações, mas sim pelo seu todo. O sindicalista Albano Rita do sindicato dos fluviais veio para a imprensa com a treta de que “a administração da Transtejo está a fazer um esforço para que os problemas sejam ultrapassados” – quando foi ela própria que os criou. Só pode fazer um esforço para ultrapassar os problemas quem não os cria! E é isso mesmo o que os trabalhadores estão a fazer e não a empresa! Ao suspender a luta sem que tenha sido alcançado o objectivo para o qual ela foi iniciada, os sindicatos estão a prestar um péssimo serviço aos trabalhadores e a enfraquecer o combate pela defesa dos seus direitos. Na verdade, tal atitude só pode ser entendida como uma cedência dos sindicatos ao patrão em prejuízo dos trabalhadores. Uma greve que já vinha desde Julho e que foi radicalizada em Setembro, mostra vontade dos trabalhadores de irem até ao fim na defesa do que entendem ser seu por direito.
Quando Albano Rita anuncia que “o acordo está por muito pouco” e faz suspender a luta está a enganar os trabalhadores. Porque se “o acordo está por muito pouco” é devido ao facto dos trabalhadores estarem a lutar por isso. Se eles pararem a luta criam-se condições para que o acordo fique muito longe. Essa é que é a verdade.
Na entrevista feita a trabalhadores da Transtejo e publicada no “Mudar de Vida”, um trabalhador afirmou: “Também estávamos cientes que qualquer recuo seria a derrota total, abrindo caminho para mais repressão da administração sobre os trabalhadores. Esta luta é para levar até ao fim, e vamos ganhar!” Este é que deve ser o caminho a seguir e não o da capitulação sindical.


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