Ir mais longe

Vladimiro Guinot — 5 Outubro 2007

No concelho de Barcelos, duas centenas de trabalhadores regressados de “férias” (com salários e subsídios em atraso) encontraram as portas das empresas encerradas. Dos patrões, das mercadorias e da maquinaria nem sombras.
Escolas, centros de saúde, urgências hospitalares e maternidades foram encerradas. Aumenta o número de mortos a caminho de hospitais longínquos e de bebés que nascem nas ambulâncias. Milhares de crianças são obrigadas a acordar horas mais cedo para se deslocarem para escolas mais distantes.
Para a maioria dos trabalhadores, a reentrada apresenta-se, na melhor das hipóteses, na forma de mais trabalho com a mesma paga.

A resposta ganha dimensão aqui e ali. Em Merufe e Riba de Mouro (Monção) milhares de pessoas protestaram contra o encerramento das escolas e obrigaram o governo a “repensar”. O mesmo em Vendas Novas (Alentejo), forçando a reabrir as urgências do centro de saúde.
Em várias empresas decorrem lutas por aumentos salariais, assumindo, algumas, contornos políticos – caso do Metro de Lisboa e da Transtejo, em greve contra a repressão a trabalhadores que recusaram cumprir os “serviços máximos” decretados pelas administrações, na greve geral de Maio.
A administração do Metro já recuou; na Transtejo a luta prossegue e radicaliza-se; na Soflusa os trabalhadores recusaram furar a greve da Transtejo e ameaçaram também entrar em greve.

Protestos mais participados e mais firmes podem ter lugar e obter resultados. As acções marcadas pelo movimento sindical para 18 de Outubro são uma ocasião para dar um passo nesse sentido, se os exemplos de resistência aqui relatados forem seguidos noutras paragens. Se assim for, patrões e governo que se cuidem! Não há volta a dar, se queremos mudar de vida.


Comentários dos leitores

busilis 7/10/2007, 15:12

Com o rumo que as coisas estão a tomar ou agimos agora ou não vamos ter muito mais oportunidades.



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