Que segurança?

Pedro Goulart — 18 Setembro 2008

policia72dpi.jpgTelevisões e jornais, polícias e magistrados, políticos do sistema, parasitando o alarme popular resultante de alguns assaltos violentos, têm-se atarefado a exigir uma legislação mais dura e medidas imediatas no sentido de prender e guardar presos milhares de cidadãos. Até algumas pessoas de esquerda alinharam no alarido, evidenciando o seu pendor autoritário. Trata-se, no conjunto, de gente que defende um estado repressivo e que prefere o velho método de prender para investigar. E, sob a capa da necessidade de segurança que eles invocam, está a protecção dos patrimónios e interesses das classes possidentes.

Com a legislação anterior à actual, milhares de cidadãos foram presos preventivamente durante meses ou anos, depois saíram absolvidos e sem qualquer indemnização. Ao pretender uma legislação mais rigorosa, muita desta gente ligada ao poder continua a escudar-se na impunidade de que habitualmente tem gozado o aparelho judicial e quer, de facto, voltar a uma legislação ainda mais dura que a anterior, pois a crise agrava-se e o capital precisa de manter os trabalhadores e o povo com rédea curta.

O governo, demagogicamente, numa campanha ridícula, mandou algumas centenas de polícias cercar bairros sociais, onde vivem os mais pobres e excluídos. O saldo traduziu-se nalgumas idas a esquadras, autuações a condutores alcoolizados ou em excesso de velocidade, assim como na apreensão de algumas gramas de droga e de uma meia dúzia de armas. Claro que a polícia não foi à Quinta da Marinha, à Foz ou aos condomínios privados, onde residem alguns dos grandes vigaristas e espoliadores das riquezas do país.

Às classes dominantes e aos seus serviçais não os incomoda o facto de serem cada vez maiores as desigualdades económicas e sociais, o desemprego, a precariedade e a taxa de exploração. Claro, é neste contexto que elas acumulam o seu capital! Mas não percebem, senhores do poder, que os assaltos e a violência também têm a ver com esta situação económica e social que hoje se vive?

Aqui chegados, nós os que estamos do lado dos explorados e oprimidos, também é tempo de perguntarmos em voz alta onde está a segurança na saúde, na habitação e no emprego dos trabalhadores e de grande parte da população portuguesa? Na verdade, quando falamos de segurança, nós e essa gente do poder não falamos exactamente da mesma coisa.


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