Câmara do Porto: como resistir à privatização da recolha do lixo?

José David Gregório, trabalhador da Administração Local — 23 Julho 2008

lixoporto.jpgA Câmara Municipal do Porto discute hoje uma proposta de concessões da Recolha de Resíduos Sólidos da Cidade. A proposta contempla a GSC – Compañia General de Servicios y Construcción, SA e outra a SUMA – Serviços Urbanos e Meio Ambiente, SA. A velha receita continua a funcionar: primeiro deixa-se degradar serviços, não se investe nem se planeia: depois aparecem os “salvadores” que vão ajudar a autarquia/Estado a controlar o défice e “reduzir” as despesas. O problema é que a recolha de resíduos se tornou num negócio de milhões e as empresas não trabalham para a satisfação do bem público mas para a obtenção de lucro.

Ora adivinhem lá quem vai pagar a factura de um serviço de recolha de lixo privatizado? Para já, as gentes trabalhadoras e pobres da cidade. Assim mesmo. As famílias trabalhadoras e pobres. Os grandes também pagam, lá isso pagam. Mas que representam para eles mais uns euros por mês nas suas contas de água? E depois pagam os próprios trabalhadores que há anos executam esta árdua tarefa de defesa da saúde pública. Isto porque o “socialismo patronal” que nos governa, na sua reforma “essencial” do Estado, a destruição dos serviços públicos, não se esqueceu de arranjar múltiplas formas de despedir trabalhadores da administração pública e fornecer aos seus apaniguados mão de obra a preço reduzido. Assim, os 270 trabalhadores da CMP podem muito bem ser despedidos por extinção do serviço segundo a nóvel legislação para a Administração Pública

Mas esta é seguramente uma proposta que vem sendo preparada há algum tempo. É no mínimo estranho que, só agora, a escassos dias da discussão da proposta, o movimento sindical tenha organizado protestos. Ainda assim, são positivas e de saudar as concentrações organizadas pelo STAL e a União de Sindicatos do Porto. Os trabalhadores e as suas organizações representativas necessitam de rapidamente organizar uma Campanha de Defesa do Serviço Público de Limpeza Urbana que se baseie no esclarecimento da população, e em primeiro lugar dos trabalhadores do Porto. A participação da USP-CGTP, a mobilização dos trabalhadores sindicalizados e de todos os outros, dos bairros pobres da cidade e a solidariedade são decisivas para isso.

Neste processo é também fundamental que os activistas de esquerda se envolvam, promovendo o esclarecimento e a mobilização operária e popular de solidariedade para com os trabalhadores da CMP e em defesa do serviço público. Às declarações dos deputados municipais do BE e, eventualmente, do PCP deve corresponder a mobilização dos seus activistas para tentar travar mais este assalto do Capital contra os interesses dos trabalhadores.


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