Quase 300 trabalhadores em risco de desemprego

Pedro Goulart — 30 Junho 2008

teviz72dpi.jpgMais uma fábrica falida a juntar à já longa lista de empresas que nos últimos tempos têm passado por idêntica situação. E é o emprego de 270 trabalhadores que está em causa.
Este é mais um caso de uma administração ruinosa (ou os empresários terão outros planos?) pois, apesar de a empresa estar a trabalhar em pleno, com os trabalhadores a fazer horas extraordinárias e de haver encomendas ainda para vários meses, chegou-se a esta situação. E os trabalhadores têm estado a receber os salários “a prestações”, tendo várias vezes, no decurso dos últimos meses, recorrido à greve em defesa dos seus direitos.

Compreende-se melhor o que se passa hoje na empresa se recordarmos o que sucedeu há dois anos e que o Diário de Notícias de 3 de Agosto relatava como sendo um significativo progresso na internacionalização da Teviz. Nessa altura, a Têxtil Vizela iniciou a produção, nas fábricas do grupo indiano Alok Industries, de artigos que “deixou de fabricar em Portugal devido aos elevados custos associados”, como anunciava o administrador da empresa. Ou seja, houve uma deslocalização para a Índia de parte do que antes se produzia em Portugal.

O acordo de parceria, conforme referia o DN, previa que a Têxtil Vizela fornecesse “o suporte técnico, o design e o know-how necessários para a empresa indiana poder começar a produzir”, prevendo-se, nessa altura, que “só dentro de um ano é que os resultados começariam a aparecer”, como referia o administrador José João Magalhães.
Na verdade, passado pouco mais de um ano os trabalhadores começaram a sentir os resultados, mas de forma negativa, vendo os seus empregos em risco.

Para o presidente da Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal (ATP), noticiava ainda o DN, “esta é a evolução natural” para as empresas portuguesas. Na verdade, todo o capital tenta proceder da mesma maneira, explorando e despedindo portugueses ou indianos conforme o que der mais lucro.

Agora, em 6 de Junho de 2008, a administração da Teviz, apresentou no Tribunal Judicial de Guimarães um processo de insolvência, por alegadas dívidas de 27 milhões de euros. Só ao BCP seriam 15 milhões. E a administração ficou, então, com um mês para apresentar um plano de recuperação da empresa.

Pelo que acabámos de ver, desde 2006 que o processo de liquidação da Teviz em Portugal está em marcha. Há hoje um receio bem fundado que o processo “de viabilização” possa conduzir ao despedimento de uma parte significativa das centenas de trabalhadores da fábrica. Em plenário, os trabalhadores decidiram assumir-se como “credores da empresa”, para, em assembleia de credores, reclamarem os seus créditos.

A propósito desta situação, um dirigente do Sindicato Têxtil do Minho e Trás-os-Montes afirmou: “Nunca aceitaremos qualquer processo de viabilização que passe pela redução dos postos de trabalho”.


Envie-nos o seu comentário

O seu email não será divulgado. Todos os campos são necessários.

< Voltar