Mudar de Vida, 10 anos

16 Novembro 2017

Completaram-se em Outubro dez anos desde que o jornal Mudar de Vida começou a ser publicado, nos suportes internet e papel. Os seus propósitos, expressos no estatuto editorial, eram ambiciosos. Mas eram os que se impunham a uma publicação que pretende romper com a informação dominante, mesmo considerando a colossal desproporção de forças.
Essa ambição assentava numa base de apoio que permitia acalentar esperança de sucesso, mesmo elementar. Algumas dezenas de activistas vindos de diversas origens discutiram e aprovaram a sua constituição. Vários núcleos de apoio e de distribuição prometiam uma difusão militante com alguma dimensão. Algumas ligações a empresas e a grupos de trabalhadores activos davam possibilidade de contacto com os problemas do trabalho e as lutas concretas.
Dez anos volvidos, muito pouco resta desta estrutura embrionária. A maioria dos colaboradores iniciais afastou-se, os núcleos locais deixaram de existir, as fontes directas de informação secaram.
A polémica viva entre as forças da esquerda, que pretendia ser um dos meios de forjar ideias, de reforçar concepções revolucionárias, de criar uma corrente política com capacidade de intervenção, teve poucos exemplos realmente positivos e encontra-se muito aquém do que seria desejável — como se pode ver pelos poucos (honra a esses poucos) comentários que reagem aos textos publicados.
Divulgámos em final de 2012 um manifesto que pretendia contribuir para uma discussão na esquerda revolucionária que se debruçasse sobre o significado da crise capitalista desencadeada em 2008 e a resposta que lhe devia ser dada. Animadas discussões ao longo de vários meses não chegaram, porém, para congregar um núcleo de activistas que desse corpo a esse propósito.
A situação presente do jornal espelha, enfim, a fraqueza e a atomização da esquerda revolucionária. Falta de clareza sobre a situação actual do mundo, sobre o sentido histórico da crise do capitalismo de hoje, sobre as potencialidades que se abrem à luta revolucionária — e sobretudo falta de resposta à fatal pergunta: Que fazer?
Por isso mesmo, porque está tudo por fazer, permanece a disposição do pequeno núcleo de redactores e colaboradores em continuar a tarefa em que se empenharam há dez anos. O combate prossegue.


Comentários dos leitores

aov 16/11/2017, 16:24

Não estão sozinhos. No campo anarquista a situação é igual. Quantos colectivos, quantos grupos foram criados quantas publicações, jornais, sites, blogues, plataformas, grupos sindicais, etc e hoje pouco ou nada resta.Teme-se que haja boicote de pessoas estranhas e ligadas a partidos que são o cancro desta sociedade que tanto aparecem com desaparecem num ápice. Como é evidente a situação não é favorável e está muito difícil fazer politica com seriedade para mudar a sociedade devido a vários factores que inclui a repressão politico económica social e laboral.
Também haverá algum sectarismo da nossa parte que faz com que algumas pessoas abandonem.


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