Olhar para a frente

Manuel Raposo — 7 Novembro 2017

lissitzky_el_2“O principal erro que os revolucionários podem cometer é o de olhar para trás, para as revoluções do passado, quando a vida traz tantos elementos novos que é necessário incorporar na cadeia geral dos acontecimentos.” (Lenine, Abril de 1917)

As abordagens diversas dos 100 anos da revolução soviética (bem como a maioria das evocações desde sempre) falam sobretudo dos feitos de 1917, procurando ver a sua “actualidade” e transpondo-os quanto possível para o presente. É de certo modo uma abordagem cerimonial, que glorifica os acontecimentos e as figuras de então, mas que diz pouco sobre o que seria uma revolução “soviética” no mundo de hoje. Em muitos casos, subentende mesmo a miragem de uma repetição dos acontecimentos, quando as realidades desmentem essa possibilidade a cada passo.

Sabendo-se que o mundo é outro, cabe perguntar em que é que a revolução soviética envelheceu. Ou, dito de outro modo, em que é que o mundo em que vivemos se distingue do de há um século e que desafios novos se colocam ao comunismo.

A chamada de atenção de Lenine que abre esta página convida-nos precisamente a uma tal reflexão. É essa a condição, como ele significa, de podermos olhar para a frente.

Arriscamos afirmar que grande parte da fraqueza da esquerda revolucionária, isto é, do movimento comunista de hoje, deriva da falta de clareza sobre as transformações operadas no mundo e as condições novas que se abrem à actividade revolucionária. Não será, obviamente, nestas linhas que o problema ficará respondido, mas o convite a uma mudança de abordagem como a que Lenine recomenda fica feito.

A revolução soviética de 1917 triunfou nas condições de uma profundíssima crise do capitalismo mundial de então, que levou o mundo à guerra. Outro tanto se pode dizer da grande revolução chinesa que culminou em 1949. Mas, como as décadas seguintes haviam de mostrar, o capitalismo tinha ainda muito por onde se expandir, quer em termos geográficos, quer em desenvolvimento tecnológico. Foi isso que, em última análise, impediu novas revoluções sociais de emergirem e fechou sobre si próprias as revoluções vitoriosas — as quais, realizadas em sociedades atrasadas, tiveram a “infelicidade” de ter de se “preocupar com o pão do povo”, como Marx temia em 1852.

A necessidade da revolução social é histórica — o capitalismo não é a última etapa da humanidade. O comunismo não se extinguiu com as vitórias revolucionárias do século XX nem com o esgotamento destas. Pelo contrário, a evolução do mundo no último século criou condições inéditas para o êxito de novas revoluções de muito maior alcance. Há que olhar para a frente.

O capitalismo tomou conta virtualmente de todo o globo; não tem mais campo de expansão. Não tem o horizonte largo que tinha em 1917 nem pode acusar o “socialismo” de lhe bloquear o desenvolvimento como fez depois de 1945. Esta efectiva globalização faz com que a crise actual seja mundial e simultânea — e não apenas regional e desfasada.

Todo o sistema se encontra num beco sem saída. Não são apenas os elos fracos (como foram no século passado a Rússia, a China, os países colonizados) que podem romper a cadeia imperialista. A crise desencadeada em 2008 mostra que é o mundo desenvolvido que se afunda, arrastando para baixo todo o sistema. Mais: a estreita dependência dos diferentes tentáculos do capitalismo mundial, por cima de fronteiras, acentua a tendência para que as erupções revolucionárias se propaguem por vários países ou regiões afins.

Apesar das enormes diferenças que persistem, problemas comuns tocam os trabalhadores de todo o mundo, o que reclama uma resposta comum. O internacionalismo proletário tem condições para deixar de ser um preceito essencialmente moral, muitas vezes apenas diplomático, marcado por preconceitos nacionalistas, e passar a ser uma necessidade real, e possível de pôr em prática.

É patente que a crise que assola o capital vem de dentro, por ele ter atingido um grau de desenvolvimento que não lhe permite continuar a valorizar-se. É fruto de um desenvolvimento extremo, chegado aos limites, e não do atraso. Tudo aponta para que se tenha atingido um patamar de estagnação (como Engels previa no final do século XIX) em que pequenos momentos de valorização não anulam uma situação de marasmo geral. O “progresso” deixou de ser uma bandeira do capitalismo.

Os avanços científicos e técnicos, que impulsionaram a valorização do capital até aos anos de 1970, reduzem-lhe hoje drasticamente as margens de lucro. O capital fictício, “excedentário”, não encontra campo de valorização. A mão de obra despedida aos milhões deixa de poder consumir. A disparidade entre sobreprodução e subconsumo agrava-se, o que reforça a tendência geral para a redução da taxa de lucro. Todo o sistema está envelhecido.

Em contrapartida, a redução drástica e, em grande medida, definitiva do trabalho socialmente necessário cria condições para libertar os proletários de larga parte do trabalho compulsivo — ao contrário do que sucedia na Rússia e na China. A preocupação com “o pão do povo” não é hoje uma questão que ate as mãos dos revolucionários.

As batalhas da produção, necessárias, na Rússia e na China revolucionárias, para criar, a marchas forçadas, as condições materiais que o capitalismo não criara — com o cortejo de violência que é conhecido — estão hoje em grande parte ultrapassadas, tanto pela expansão do capitalismo ocidental, como pela transformação da Rússia e da China elas próprias em potências capitalistas.

O fim do “progresso” capitalista significa também o fim das condições materiais que deram base ao reformismo entre os trabalhadores. Não havendo condições de melhorias no quadro do capitalismo, os trabalhadores enfrentam a necessidade de romper com o capitalismo para que se possa dar a toda a gente os benefícios do conhecimento e do desenvolvimento material.

A luta pelo direito ao trabalho significa a luta pela divisão, por todos, do trabalho socialmente necessário — consequentemente, da divisão dos frutos do trabalho em função da sua utilidade social, fora de critérios de lucro. Ou seja, o fim da propriedade privada burguesa.

Em vez de verem no enriquecimento dos respectivos patrões, ou dos respectivos países, a condição da sua sobrevivência, os trabalhadores têm diante de si a evidência de que o capital é o obstáculo ao progresso das suas vidas, em qualquer parte do globo.

Coloca-se a necessidade de um sindicalismo que não se limite a reivindicar melhores salários e melhores condições de trabalho, mas que inscreva no seu programa “o fim do salariado”, como Marx preconizava, já em 1865, perante a Associação Internacional dos Trabalhadores. Mas se então o propósito apontava para um futuro distante, que nem as revoluções russa ou chinesa alcançaram, hoje a questão é da ordem do dia.

O Estado chegou, no mundo desenvolvido, à sua máxima organização. Revela-se, cada vez mais claramente, como instrumento de dominação de uma classe burguesa progressivamente mais estreita. Assume abertamente o papel de força repressiva dos movimentos sociais e de instrumento da valorização do capital e da exploração do trabalho. Abre brechas colossais no plano social, rompendo-se o véu do “Estado de todos nós”, de árbitro dos interesses das classes.

A imagem de um Estado reformador que cuidasse de todos por igual, que promovesse a “justa distribuição” de rendimentos, desfaz-se aos olhos de milhões de assalariados. Esta evolução do Estado acompanha a senilidade do edifício social capitalista. A corrupção das instituições democráticas é a imagem da concentração do capital e do poder.

O campo de luta política que se abre não é, pois, pela utópica melhoria do Estado burguês — eliminação dos “maus governantes”, “democratização” das instituições — é sim pela exigência de um outro Estado, de um Estado de classe proletário. Mudar o carácter do Estado exige substituir a classe no poder.

O crescimento das classes intermédias que acompanhou a expansão capitalista sofre hoje um retrocesso. Os privilégios das classe médias assalariadas degradam-se. Ao contrário de quase todo o século XX, a base de apoio do poder burguês, em vez de se alargar, restringe-se. Criam-se condições sociais para que o confronto proletariado-burguesia ganhe clareza.

Como alguém disse, devemos respeito às revoluções do passado. Mas ficarmos atados ao caminho que elas percorreram — ditado pelas circunstâncias da época — seria o pior serviço que os revolucionários de hoje poderiam prestar à bravura e à memória dos revolucionários de então.


Comentários dos leitores

afonsomanuelgonçalves 7/11/2017, 13:41

Para Manuel Raposo a Revolução soviética está nas calendas da História e é óbvio que 1917 não se pode comparar a 2017. O tempo não pára. é voraz e a actividade humana não se dispoe a hibernar nos invernos sucedâneos. Dizer isto não adianta muito à inteligibilidade do processo histórico. Mas é um facto indesmentível que essa revolução foi um marco histórico que pela 1ª vez derrubou o poder burguês e instaurou uma nova fase no prosseguimento histórico na direcção do futuro. Julgo que por isso. de certo modo. Manuel Raposo inverte a sua interpretação numa lógica que se socorre apenas da cronologia e não toma em consideração os factos entretanto ocorridos que provocaram um desvio enorme nesse rumo que culmina nos nossos dias tal como os vemos e vivemos. Não é a Revolução Russa que ficou para trás. mas nós e outros (pessoas e grupos) mais responsáveis que a anularam e a trucidaram impiedosamente. Como os hiatos e as omissões no artigo deturpam descuidadamente os factos entretanto ocorridos teremos que esperar que outros apareçam mais minuciosos e objectivos para ficarmos esclarecidos. Che Guevara numa carta dirigida ao Ministro da Cultura de Cuba confessou sem complexos que numa noite quando lia Hegel caiu no tapete pelo menos duas vezes e despediu-se do amigo com um abraço belicoso.

aov 7/11/2017, 14:55

https://www.nodo50.org/tierraylibertad/
Número dedicado a revolução russa.

leonel clérigo 9/11/2017, 18:16

REVISITAR A “REVOLUÇÃO DE OUTUBRO”
Nos 100 anos da Revolução de Outubro de 1917, “comemorou-o” MV com este texto acima de M. Raposo. E se entendi bem, não foi opção do autor fazer uma evocação do percurso revolucionário de Outubro – à maneira dum “balanço” das suas realizações – mas incidir mais sobre o futuro, chamar a atenção para “o que se segue” ou se “deve” seguir.
Para além desta sua opção, também entendo oportuno revisitar aqui alguns aspectos – que julgo decisivos – trazidos pela Revolução de 1917 ao já longo e atribulado percurso da Sociedade dos Homens. E isto porque, sem a “ancora” do passado o futuro arrisca-se a tornar “cego”.
1 – O Capitalismo “nasceu” como “produto” da Europa do Norte e, de certa forma, “contra” as “civilizações” – e seus “modos de produção” – que vinham tendo por “palco” o velho “lago” do Mediterrâneo. E se queremos um “começo” da coisa, temos de regressar aos “cabeças rapadas” de Cromwell que deram o “pontapé de saída” com a Revolução inglesa de 1640 para se “consolidar”, um século mais tarde, com a Revolução Industrial, que se estendeu depois à França (do norte) e à América (do Norte).
É raro referir-se – na história “oficial” -, que esta primeira “expansão” da “boa nova burguesa” nascida em Inglaterra, não foi nada pacífica: para não ser “devorada”, a Revolução burguesa em França foi forçada a lançar-se na “ofensiva” – diz-se que a melhor defesa é o ataque -, com Napoleão a “invadir a Europa” (reaccionária-feudal, em “curiosa” aliança com a “modernaça” Inglaterra) deixando “Constituições burguesas” – como quem deixa ovos noutros ninhos – por onde passavam seus exércitos vitoriosos. Coisa semelhante surge nos EUA que teve que arcar com uma “guerra civil” onde o “Norte contra o Sul” foi também uma “faceta” da “pressão inglesa” para impor nos EUA um bloqueio ao seu percurso como “país industrial”, como já o fizera na Irlanda ao arruinar e deformar a sua economia, acelerando-lhe a condição de periferia europeia (Portugal é também um bom exemplo disso).
2 – A segunda vaga europeia de expansão do Capitalismo Industrial já foi mais “dramática” e “fiou mais fino”: se a Inglaterra já se apercebera que a sua “invenção da indústria” já não se “devia” ter espalhado quando da “primeira vaga”, havia agora que impedir a todo o custo qualquer vaga posterior. Mas a História não se deixa travar facilmente: os países do Báltico aperceberam-se igualmente que “o futuro estava na Indústria” – tal como o Marquês de Pombal o viu na sua estadia diplomática em Inglaterra – e lançaram-se na corrida da “Industrialização”. O mais significativo desta “segunda vaga”, traduziu-se na “dinâmica Alemã: rapidamente, o desenvolvimento das suas “forças produtivas” atingiram níveis inimagináveis e este “novo aluno” acabou até por suplantar a “professora” Inglaterra e seu mais velho “condiscípulo” Francês.
3 – Foi-se tornando evidente que o mundo – como o capitalismo o desenhara – era demasiado pequeno para tantas “nações-fábricas” que aspiravam a nascer como cogumelos, o que levava o sistema a caminhar cada vez mais aos “soluços” por entre “crises cíclicas” que desfiguravam a “boa imagem” dum Capitalismo que nascera ufano sob o signo da “redenção da Humanidade”. Além do mais, um seu “produto essencial” – a Classe Operária fabril (rapidamente organizada), única razão de sustentação dos famosos “lucros do capital” (mais propriamente da “mais-valia”) – surgia agora como “surpresa inimaginável”, ameaçando o até aí tranquilo reino “incontestado” do burguês Capitalista.
O resultado desta “balbúrdia” produtiva foram as mortíferas guerras imperialistas entre as “nações industrializadas”, lutando cada uma por “um lugar ao sol” que é como quem diz: por “Impérios Coloniais”, único modo de lhes assegurar a sobrevivência na “riqueza”.
4 – É deste amplo conflito entre nações imperialistas europeias que surge algo, de certa forma inesperado, “um livro do desassossego” para atazanar o mundo “tranquilo” do Capital: a Revolução Russa de 1917. O que parecia um assunto “interno” do Capital, eis que surge um “espectro”, qual fantasma vindo das trevas, feito para o assustar. E esse “espectro” parecia trazer em si várias coisas terríveis.
Mas para já, uma nova etapa na já longa história de lutas ancestrais contra a “exploração do homem pelo homem”. Mas enquanto todos os anteriores movimentos e lutas – como a do escravo/gladiador Espartacus – não se permitiam ir além da “utopia” em que mergulhavam – dai suas repetidas derrotas -, a Revolução Russa trazia consigo algo de novo que dava nova solidez ao seu Programa Socialista: reclamava-se da Revolução Industrial que, pela pela sua “inimaginável” capacidade produtiva, permitia já tratar o fim da “exploração do trabalho alheio” como coisa real e não como simples “desejo”, mera proposição moral de “aspiração a um mundo melhor”. A Indústria – ao trazer, em larga escala, a nova ciência à Produção – ai estava pronta a destruir a ancestral “exploração do trabalho alheio” dando a todo o mundo o que ele necessitava e aspirava. Por isso Marx irá dizer, com justeza, que será a Classe Operária o “coveiro” do mundo burguês capitalista. Só restava saber quanto tempo duraria o “enterro” e quais os possíveis acidentes de percurso.
5 – É certo que ninguém desconhece que a grande Revolução Russa naufragou. Mas já não se tem a devida atenção (melhor seria dizer, oculta-se…) como ela “vendeu caro” os largos resultados que alcançou.
A seguir à fase da NEP de Lenine para “estabilizar” a Revolução, Estaline – e o conjunto dos dirigentes que comungavam das suas ideias – teve a clara percepção que uma “nova” guerra imperialista aí vinha, trazendo na manga a destruição da Rússia Comunista sem descorar o seu objectivo principal: a “repartição do mundo” pelas grandes potências capitalistas industriais. Por isso, surge o Plano Soviético de “Industrialização forçada”: os famosos Planos Quinquenais que iriam permitir – “contando com as próprias forças” – acelerar a formação de uma “indústria pesada” – base de toda a indústria – para construção de uma sólida “defesa” para a guerra que aí vinha.
Não vale agora pormenorizar aqui os resultados: basta referir o feito final da entrada vitoriosa do Exército Vermelho na Berlim nazi, depois das vitórias de Estalinegrado e Kursk (um “custo” de 24 milhões de mortos russos enquanto os EUA rondaram os 420 mil). Mas também vale referir as malandrices “aliadas” que, aparte a “Batalha do Atlântico” e a do “Norte Africa” para defesa dos seus impérios, tudo fizeram para “empurrar” a cavalaria “Panzer” de Hitler para a Rússia, “oferecendo” desse modo à Alemanha um Império “alternativo” ao que eles próprios negaram. Sabemos bem como tudo isto “saiu furado” e como daí surge a “Operação Impensável”, um fruto “brilhante” da mente imaginativa do “grande democrata” Churchill e que o Prof. João Carlos Espada parece ainda hoje “desconhecer”.
6 – No final da Guerra, as “desproporcionadas” Hiroshima e Nagasaki tinham como objectivo não só “derrotar o Japão”(?) como – e principalmente – “prevenir” a União Soviética de que, apesar da sua vitória sobre Hitler, continuava ela “debaixo de fogo” como o irá provar a “guerra fria”. O objectivo dos “aliados” era continuar a pressão “guerreira” sobre a URSS, obrigando o seu “orçamento interno” a um esforço de “guerra permanente” – como fazem hoje, mal comparado e em formato reduzido, as “indemnizações dos incêndios”. Foi esse o grande objectivo da “guerra fria”: procurar impedir que a produção soviética se canalizasse fundamentalmente para a “satisfação das necessidades internas” da sua população martirizada despertando contradições internas. E conseguiu-o.
7 – Com este esforço “sobre-humano”, não é de admirar que a URSS soçobrasse: a energia dos povos tem seus limites. Mas já é de admirar que se tenha entendido que a URSS e o seu povo tinham a “obrigação” de aguentar sozinhos e indefinidamente as “despesas da Revolução Mundial”, enquanto (aparte alguns que deram toda a sua entrega a uma vida de sacrifícios e luta penosa) a Europa vivia “distraída” o “bem-estar” dos “30 gloriosos” imperialistas.
8 – Mas a Dialética teima em prega-nos sempre boas “rasteiras”: quem refere que foi “inglória” a Revolução Russa – como procura fazer crer a sonora propaganda burguesa imperialista – engana-se: só um cego não vê que a Revolução Russa de Outubro ajudou a espalhar pelo mundo uma “sementeira” razoável: uma delas foi a China que tantas “espinhas encravadas” causa hoje. Como diz MR, o mundo já não é o mesmo e a burguesia capitalista já não consegue desenvencilhar-se facilmente das contradições que, em crescendo, vêm minando o seu Modo de Produção. Num amplo movimento de cerco lento, os diferentes Impérios que espalhou pelo mundo e são o “prato forte” da sua sobrevivência, vão sendo, muitas vezes ocultos “por debaixo do pano”, acossados por vários lados. O Capitalismo – parece já hoje claro – está ferido de morte: não tem solução para os graves problemas do “desenvolvimento do subdesenvolvimento” com que hoje se defronta a vasta Sociedade dos Homens.
9 – Uma palavra final e curta para “problemas da casa”.
Pelo que julgo apreciar têm, entre nós, sido poucos e insipientes – aparte algumas mas honrosas excepções -, os “estudos marxistas” sobre a “realidade concreta” da nossa sociedade actual. É notório em Portugal a persistência de um claro “subdesenvolvimento teórico” o que, diga-se de passagem, só beneficia a “sensaborona” burguesia rafeira que “nos calhou na rifa”, que nem conseguiu sequer cumprir a sua “missão industrial”. Por isso não me custa acreditar que vale entre nós o que já se afirmava na “Revolução e contra-revolução na Alemanha”: “Tal senhor, tal servo”.
Esta paralisia da “consciência”, tem também ajudado à paralisia em que se encontra o Movimento Revolucionário em Portugal e nos vem lançando nos braços dum “reformismo” rasteiro e sem futuro. No seguimento do “desafio” de MR, parece também aqui urgente uma mudança.

António Alvão 20/11/2017, 22:11

Sobre a revolução soviética, no campo da historicidade, tenho devorado várias obras. Agora devoro opiniões de autores de artigos que tem saído um pouco por toda a imprensa. E tenho encontrado nos conteúdos dos artigos muitos especialistas das lutas dos outros, tanto do passado, como para futuro. Hoje em dia a contrafacção ideológica já não cola como no passado, numa juventude mais escolarizada, na minha opinião.
Kropotkin, numa das cartas que escreveu a Lenine, entre muitas coisas, disse: "Por favor não façam com que a palavra SOCIALISMO se torne numa maldição" - isto em 1918, ele morreu em 1921, o que diria hoje depois de saber dos principais acontecimentos(?)!; o que diria Marx hoje depois de saber que esta e aquela figura... históricas do "mundo comunista" se auto-definiam de marxistas. Na minha opinião, ele não vomitaria o que teria dentro do estômago, mas talvez o próprio estômago!!!

leonel clérigo 2/12/2017, 13:19

António Alvão: afinal o que é o SOCIALISMO e que condições materiais são necessárias para ele poder implantar-se e desenvolver-se?

António Alvão 16/12/2017, 21:57

Socialismo é aquilo que os "socialistas" nunca quiseram; o socialismo é aquilo que nunca nenhum poder quis! Socialismo não é terror contra trabalhadores e povo em geral, nem ditadura militar piramidal de cima para baixo. O melhor será fazer um estudo etimológico à palavra socialismo.
As "condições materiais que são necessárias para poder implantar-se e desenvolver-se" - o melhor será discutirmos o assunto no terreno com todos os intervenientes.


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