Para reeducação

15 Março 2017

Uma agente da CIA, a luso-americana Sabrina de Sousa, foi condenada em 2007 por um tribunal italiano a quatro anos de cadeia por cumplicidade no rapto do imã de Milão Abu Omar. A operação foi planeada e executada pela CIA e pelos Serviços Secretos Militares italianos em Fevereiro de 2003 no âmbito das operações “extraordinárias” ditas de luta contra o terrorismo desencadeadas pela administração Bush. Omar foi enviado para o Egipto e aí torturado a cargo do ditador Hosni Mubarak, a quem os EUA encomendavam tais serviços. Apesar de inocente de quaisquer acusações, Omar só foi libertado em 2007.
Nesse ano, a justiça italiana julgou o caso e condenou os implicados no crime, incluindo os agentes da CIA, mas todos acabaram por ser perdoados, por intervenção das autoridades dos EUA. Restava Sabrina.
Sabrina de Sousa foi agente de ligação entre a CIA e os serviços secretos italianos. O seu papel foi “convencer” os italianos a aceitarem a operação, no que parece ter sido bem sucedida.
O Supremo Tribunal de Justiça português decidiu a extradição de Sabrina, a pedido da justiça italiana, em 2016. Já em 2017, porém, a pena foi comutada de 4 para 3 anos o que lhe permitiu sair em liberdade, uma vez que agora só terá de cumprir…trabalho comunitário.
Em entrevista ao Expresso em Abril do ano passado, com um notável desplante, Sabrina dizia sentir-se traída porque a CIA tinha garantido aos agentes implicados que, uma vez condenados, “o Governo americano iria pedir perdão para todos, em bloco”. Sobre Omar, quatro anos sob tortura, nem uma palavra.


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