A pobreza como futuro

Pedro Goulart — 23 Julho 2015

pobreza2Apesar de muita demagogia, em particular daquelas promessas que habitualmente preenchem os períodos eleitorais, a coligação PSD/CDS não esconde que, caso vença as próximas eleições, a dita austeridade (para as classes trabalhadoras e o povo) não nos abandonará. O já anunciado corte de 600 milhões nas pensões, os cortes verificados nos apoios sociais (Rendimento Social de Inserção, Complemento Solidário para Idosos, Complemento por Dependência), na Saúde e na Educação, assim como os salários baixos, a elevada taxa efectiva de desemprego, a continuação de uma alta carga fiscal, são elementos preponderantes de uma situação que está para durar.

Situação que empobreceu vários sectores das chamadas classes médias e que lançou os já muito pobres numa ainda maior pobreza. Com a coligação PSD/CDS (mas também com com o PS, o outro partido da troika) um futuro “risonho” parece, assim, esperar o povo português, particularmente as classes trabalhadoras. Mas só apoia esta gente, e só vota neles, quem quer!

Mentira e manipulação

Os membros do governo PSD/CDS, destacando-se aí Passos Coelho, além de continuamente torturarem os números, também procuram torturar as próprias palavras e frases que vão deixando cair. Passados meses, ou apenas dias, afirmam que não disseram o que todos ouviram ou leram, que as frases foram retiradas do contexto, etc.

Quando se ouviu vários membros do governo, precedendo o primeiro-ministro, e depois este em pessoa, aconselharem os portugueses a “saírem da sua zona de conforto” e a emigrarem, é espantoso ver Passos Coelho, recentemente e muito sério, afirmar a pés juntos que nunca tal aconselhara. Perante mais esta grande mentira do primeiro-ministro, não admira já que, numa sessão de encerramento do Fórum Distrital de Autarcas, na Maia, e a caminho das eleições legislativas, Pedro Passos Coelho tenha afirmado que com o PSD novamente no poder “Portugal conhecerá um crescimento e desenvolvimento como não teve em muitos anos”. Mas a primeira grande mentira destes governantes é a afirmação de que estão ao serviço da pátria e do bem comum. Quando estão efectivamente ao serviço do patronato e da exploração das classes trabalhadoras.

Contudo, há uma verdade subjacente às declarações e aos comportamentos dos dirigentes burgueses (não apenas portugueses) e que não podemos escamotear: o sistema capitalista já não é capaz de responder às necessidades essenciais dos trabalhadores e dos povos e, como tal, terá de ser derrubado e substituído por um outro sistema. Sistema de carácter socialista, com os trabalhadores no poder.


Comentários dos leitores

manuel alves 23/7/2015, 16:59

"o sistema capitalista já não é capaz de responder às necessidades essenciais dos trabalhadores e dos povos e, como tal, terá de ser derrubado e substituído por um outro sistema. Sistema de carácter socialista, com os trabalhadores no poder " Esta será a solução o mais difícil, porque para os trabalhadores chegarem ao poder têm que criar a sua organização e ai terão que lutar contra a direita e contra toda uma esquerda dirigida pela burguesia que vive do negocio gerado pela condição precária do povo e os lucros do capital, muitos deles certamente estarão comprando divida publica.. Têm conduzido o povo a desistir das suas lutas em toca da concertação social espalhando a crença na confiança cega nos seus representantes institucionais. As lutas dos trabalhadores são controladas de modo a que sirvam como força de pressão negocial ou para ganhar votos. Os trabalhadores terão que se libertar estas amarras.

António Alvão 27/7/2015, 22:40

Trabalhadores, proletariado, poder dos trabalhadores, revolução socialista, ditadura do proletariado, etc. - Estes são os termos que serve de seiva a um discurso duma certa esquerda ortodoxa e falida ideologicamente. Se isto não deu frutos no tempo em que o chão deu uvas, como vai dar agora, em que toda a esquerda do M/L e seus satélites, depois de terminado em muitos países a ditadura liberticida do chefe supremo que, caiu de podre, para cair nos braços do capitalismo, e sem nenhum arrependimento!!!
"Marx, depois da Comuna, pôs completamente de parte as opiniões estatais que por vezes tinha tido, assumindo uma perspectiva fundamentalmente «autogestionária»" - Yvon Bourdet e Alain Guillerm - (Univ. Mud. (48), pág. 92, da Dom Quixote.


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