Europeias

22 Maio 2014

Quando em 1986 Portugal integrou a CEE, soaram as trombetas da paz, do progresso, da igualdade. Hoje, a UE tem no cadastro meia dúzia de guerras de agressão, regride economicamente, empobrece as classes trabalhadoras, corta apoios sociais, discrimina os povos do sul, discute a expulsão dos imigrantes.

Não é um desvio do bom caminho: é o resultado do alargamento das relações capitalistas a todo o continente. As burguesias nacionais agregaram-se na UE para reforçarem o seu poder comum. Uma união europeia capitalista só podia ser imperialista, menos democrática e mais desigual, como hoje a vemos. É por esta senda — aberta pelos governos capitalistas de todos os matizes, que se encarregaram de esmagar as aspirações populares — que a extrema-direita se prepara para cantar vitória nas eleições de dia 25.

Nestes 28 anos, o capital português fundiu-se no capital europeu e é dele um apêndice. A política nacional, naturalmente, é uma extensão da política acertada em Bruxelas. A nossa luta contra a UE só pode, pois, ter por alvo o capitalismo globalizado e os efeitos dessa situação nova no país.

Derrotar o governo PSD-CDS em 25 de Maio será mais um sinal de rejeição da política de ataque ao trabalho. Mas para isso importa repudiar também os demais partidos da austeridade (dura ou branda), os defensores do pagamento da dívida (a curto ou longo prazo), as forças de quem explora a massa trabalhadora — porque foram todos eles que, do mesmo modo, abriram a senda a Passos Coelho e à sua trupe.

Em todo o caso, nada de definitivo se resolverá no dia 25. Enquanto o poder na Europa não for combatido a partir do único bastião que lhe pode fazer frente — o da luta de classe, nacional e internacional, dos trabalhadores contra o capital — será tão inútil discutir reformas democráticas da UE, como propor que o país saia da União, como decretar o fim do euro.


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