Patrões apoiaram a greve geral?

Urbano de Campos — 18 Julho 2013

Nas vésperas da greve geral, quatro confederações patronais (indústria, comércio e serviços, turismo e agricultura) vieram a público reclamar uma política de “crescimento económico”. De passagem, repetiram que greves não resolvem nada, mas que, desta vez, entendiam as razões de queixa dos trabalhadores. Tanto bastou para choverem exclamações de que “os patrões apoiam a greve geral”!

Vamos por partes.
Quando reclamam “crescimento económico” (por oposição, supõe-se, à política de aperto financeiro seguida) as confederações fazem-se eco das agruras do pequeno e médio patronato que não tem clientes, que não vende e que fecha as portas a ritmo diário. Daí a sua “compreensão” pelas “razões de queixa” dos trabalhadores. Mas essa não é a voz do grande patronato e da finança. Esses continuam com a política do governo, são o seu principal esteio, e acham até que o povo “aguenta mais”.

As mesmas confederações que agora se mostram tão compreensivas, aprovaram nas reuniões da Concertação Social — exprimindo então os interesses de todo o patronato sem excepção — as medidas que degradaram as condições de vida dos trabalhadores que todos bem conhecemos.

O facto de a UGT (até ver) acusar o governo de faltar aos compromissos e se ter juntado à greve geral faz o pequeno patronato temer que se agudizem os protestos sociais. Por isso as confederações reclamam o regresso à mesa de negociações, processo indicado para tentar neutralizar uma parte dos trabalhadores e para que se possa dizer que há de novo “consenso social”.

Se as confederações patronais achassem de facto que a política de austeridade “falhou”, que o caminho é outro — então o que se impunha era disporem-se a revogar as medidas punitivas sobre o trabalho que propuseram e aprovaram nos últimos dois anos, para não irmos mais longe.
Alguém os vê nessa?


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