A briga

9 Julho 2013

A crise governamental da última semana foi um momento de fractura que mostrou a podridão que alastra sob a superfície das instituições e dos discursos.

A consolidação das contas públicas revelou-se mais do que fictícia. A queda vertical da Bolsa, a subida vertiginosa dos juros da dívida mostram que tudo está por arames. Gaspar, o agente da troika, deixa o país em cacos. Fica patente que o dito “programa de ajustamento” se destinava tão só a reembolsar os credores à custa de tudo e de todos; e que novo resgate está à vista em condições ruinosas, implicando mais exigências políticas e custos sociais.

Gaspar, em fuga, avisou que o próximo futuro não vai ser risonho, insinuando que, para prosseguir, são precisas outras condições políticas. E Portas afirmou, no fundo, que não é Passos Coelho o homem para essa tarefa. A farsa da recomposição do governo, conseguida, apesar de tudo isto, com os mesmos figurantes, mostra que para os círculos dominantes o maior pavor do momento é a queda do governo — porque sabem que eleições agora não reforçariam o poder.

Por isso choveram pressões de todos os lados (troika, União Europeia, banqueiros, conselheiros de ocasião) para um entendimento, fosse ele qual fosse. A representatividade democrática, mesmo formal, do novo governo não foi questão que preocupasse as classes dominantes. Tratou-se apenas de recompor, na emergência, uma equipa que as represente a elas, ponto final. Nem que seja formada por bonecos de palha.

Para as classes vitimadas pela austeridade tudo isto mostra que o Capital vai prosseguir na mesma linha e novas medidas de ataque ao Trabalho estão na calha; que não há outra maneira de fazer cair o governo senão na rua; que a luta de massas tem de atingir novos picos. A luta continua, sim, mas o ponto central é este: os trabalhadores devem rejeitar pagar os custos da crise.


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