Crime continuado em Guantánamo

Pedro Goulart — 27 Abril 2013

Uma greve de fome, que se prolonga há 60 dias, atinge actualmente mais de metade dos 166 prisioneiros de Guantánamo. E alguns deles já estão a ser alimentados à força. Os prisioneiros combatem pela defesa dos mais elementares direitos humanos, incluindo os religiosos. Um deles, preso há 11 anos sem acusação nem julgamento, é o árabe Shaker Aamer, um prisioneiro de origem britânica. Ele afirmou ao jornal Observer que já tinha perdido um quarto do seu peso desde o início da greve.

Em 2002, após o ataque às Torres Gémeas, um primeiro grupo de 20 combatentes capturados pelos norte-americanos no Afeganistão, foi enviado para Guantánamo. O então presidente George Bush descreveu estes combatentes afegãos como terroristas, não podendo, segundo ele, ser protegidos pela Convenção de Genebra. Desde a abertura deste campo de concentração norte-americano, já passaram por Guantánamo 775 prisioneiros sem acusação formada, sem processo constituído e sem direito a julgamento.

Em 2006, a ONU apresentou um relatório solicitando o encerramento da prisão, com base no uso de técnicas de interrogatório ilegais. Também a Cruz Vermelha Internacional considerou estes prisioneiros vítimas de tortura, pelo desrespeito aos direitos humanos e à Convenção de Genebra. Mas os governos dos EUA não se têm comovido muito com as condenações internacionais.

Entretanto, já passaram quatro anos desde que o presidente Barack Obama prometeu que este centro de detenção, várias vezes criticado por organizações de direitos humanos, seria encerrado. Mais uma promessa por cumprir de Barack Obama, evidenciando bem como democratas e republicanos norte-americanos não se distinguem assim tanto.

Os EUA, uma “Terra da Liberdade”, segundo os seus admiradores, que pretende dar lições ao Mundo sobre liberdades e direitos humanos, manteve e continua a manter os seus campos de concentração destinados a prisioneiros de guerra. Não podemos esquecer Abu Ghraib nem Guantánamo.


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