Menos Saúde

Pedro Goulart — 10 Janeiro 2013

O secretário de estado da Saúde, Leal da Costa, useiro e vezeiro em afirmações que pretendem pôr em causa o acesso da generalidade dos portugueses aos cuidados de saúde, afirmou que todos temos obrigação de contribuir para a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS), “prevenindo doenças e recorrendo menos aos serviços”.
Prevenir doenças é bom, não o nego. Mas, como pretende este governo do capital que os portugueses previnam doenças se o acesso ao SNS é cada vez mais difícil, com uma autêntica sangria de médicos dos hospitais públicos para os privados e com uma forte diminuição dos médicos nos centros de saúde, ficando estes com menos tempo disponível para atenderem bem e atempadamente os utentes?

A recente polémica que envolveu a Ordem dos Médicos e o Conselho Nacional da Ética para as Ciências da Vida a propósito do racionamento de remédios e exames, assim como a recente movimentação no interior da Ordem de alguns médicos com fortes interesses na medicina privada, diz bem do que aqui está em jogo. Em alguns círculos da burguesia endinheirada, ligada às companhias de Seguros e à medicina privada, não se esconde o entusiasmo com a possibilidade de abocanhar os sectores lucrativos do SNS e da ADSE. A pretexto de “racionalizar” os serviços, não se coíbem de afirmar a “impossibilidade” de o SNS pagar exames e operações caras a toda a gente.

O que o governo verdadeiramente quer é que os portugueses recorram menos ao SNS. De facto, o que está em marcha é uma tentativa de poupar algum dinheiro ao Estado (sem preocupações com a saúde dos doentes) e de entregar parte dos utentes do SNS à medicina privada.


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