O único rumo que pode dar frutos

2 Novembro 2012

Em ano e meio, o governo foi atirando medidas punitivas sobre os trabalhadores com o à-vontade de quem julgava que “a malta” suportaria tudo em nome da austeridade, resignada à ideia de “não haver alternativa”. Enganou-se: debaixo dum aparente conformismo a revolta foi crescendo e explodiu em Setembro nas duas grandes manifestações de 15 e 29. Os alvos políticos da fúria popular ficaram bem identificados: a austeridade, o governo e a troika. “Gatunos!” é a expressão que tudo resume.

O abalo abriu uma crise política no poder que está longe de sanada, provando que só através da luta de massas – e de uma luta de massas apontada contra o capital – se pode travar a política de austeridade.

Mas não esmoreceu a sanha do governo e dos patrões de arrasar os custos do trabalho. Da conversa sobre o Orçamento do Estado destaca-se um propósito: sugerir que o aumento de impostos e o corte de salários e subsídios serão intermináveis, e insuficientes, enquanto não forem “emagrecidos” os serviços públicos assegurados pelo Estado. O OE, que todos os entendidos dizem ser irrealizável, ganha então um sentido político claro: o próprio fracasso das metas do OE servirá para mostrar que o sacrossanto equilíbrio orçamental exige desmantelar esses “luxos” que são a Saúde Pública, o Ensino Público e a Segurança Social. Como se nos dissessem: quem não tem dinheiro não tem vícios.

O novo dilema que o poder nos coloca (mais impostos ou menos serviços sociais) tem porém solução: o financiamento dos serviços sociais não com impostos sobre o trabalho mas com impostos fortemente progressivos sobre o capital e as fortunas. O que mostra de novo que a oposição à politica de austeridade obriga a atacar os privilégios do capital. É esse o único rumo da luta de massas que pode dar frutos.

Prosseguir e levar mais longe as manifestações de Setembro, impulsionar as acções de empresa e de rua contra a política capitalista de austeridade – é o que se exige da greve geral do próximo dia 14.


Comentários dos leitores

António alvão 3/11/2012, 16:54

Este poder não taxa o grande capital. Nem o PS faz isso. A greve geral também não é solução sem o acompanhamento de um levantamento popular e desobediência civil, até o poder cair. Este é o primeiro passo. Caso contrário, é mais uma greve geral, para que tudo fique na mesma, a que já estamos habituados!
Estes sindicatos estão mais próximos do poder troikano do que de um eventual movimento revolucionário que nasça fora da orbita do PC? Não será assim?
São muitos os prejudicados com estas medidas da troika e do governo capitalista, e tão poucos os revoltados!!!
Saúde. A.A.


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