Arquivo: Março 2012

Solidariedade com Falcão Machado

15 Março 2012

João Falcão Machado, membro da Plataforma 15 de Outubro e que informou o Governo Civil da realização de uma das duas manifestações ocorridas em 24 de Novembro último, foi constituído arguido pela PSP, por “crime” de desobediência civil. Isto, a pretexto de que tal manifestação contrariou a lei vigente, que, aos dias de semana, só permite manifestações a partir das 19 horas e esta se terá iniciado às 15. Com tais medidas, as forças repressivas pretendem intimidar os militantes, visando desmobilizar as lutas do movimento de massas contra as medidas de austeridade impostas pela troika e pelo governo do patronato. Não nos deixemos intimidar!


Os efeitos da guerra suja no Iraque

Cristina Meneses —

Por ocasião do 9.º aniversário da invasão do Iraque pela coligação liderada pelos EUA, o Tribunal-Iraque (Audiência Portuguesa) organiza, no próximo dia 17 de Março, uma sessão pública no Centro Arte e Recreio, em Guimarães – Capital Europeia da Cultura.
Dois resistentes iraquianos, Mundher Adhami e Haifa Zangana, apresentarão depoimentos sobre o assassinato de professores e cientistas iraquianos e sobre os efeitos do uso de armas proibidas pelos ocupantes. Eis alguns dados referentes aos crimes de guerra cometidos nos últimos nove anos que serão debatidos na sessão de Guimarães.


O bispo manda-chuva

14 Março 2012

“Noutros tempos já se teriam levantado súplicas ao céu a implorar a graça da chuva”, mas “parece que os crentes não se fazem ouvir e a maioria da população não acredita na providência divina, mas somente na previdência de Bruxelas”, disse António Vitalino Dantas, bispo de Beja, a respeito da seca. O bispo refere ainda que “as recomendações de Jesus no evangelho e de Nossa Senhora aos pastorinhos de Fátima, pedindo oração e sacrifícios pela conversão dos pecadores e pela paz no mundo, não encontram eco nos nossos ouvidos”. Razão têm “os crentes”: apesar da fezada de Assunção Cristas e dos lamentos de Vitalino Dantas, percebem que a providência divina pode menos que o anticiclone dos Açores.


Austeridade mata

Pedro Goulart —

O aumento anormal da taxa de mortalidade em Fevereiro teve, certamente, outras razões para além da gripe e do intenso frio que se fez sentir neste mês. O Instituto Nacional Dr. Ricardo Jorge (INSA) salientou que em duas semanas (na terceira e quarta de Fevereiro) houve mais de 6000 mortos, número muito superior (mais 1000 óbitos) à média verificada nesta altura do ano. E a Associação de Médicos de Saúde Pública afirmou recear que a subida das taxas moderadoras, o aumento das despesas com medicamentos e o agravamento da situação económica das famílias pudessem igualmente ser responsáveis pelo excesso de mortalidade.


Estado espanhol: milhão e meio nas ruas

13 Março 2012

Muitos milhares de trabalhadores (milhão e meio segundo os sindicatos) manifestaram-se dia 12 em dezenas de cidades do Estado espanhol, contra a brutal reforma das leis laborais que o patronato e o governo de Mariano Rajoy querem impor às classes trabalhadoras. As manifestações, convocadas pelas centrais sindicais Comisiones Obreras e UGT, foram fortemente participadas em Madrid, Barcelona, Valência, Bilbau, Sevilha e várias outras cidades. As mesmas centrais sindicais, que apelaram à mobilização dos trabalhadores para a greve geral marcada para o próximo dia 29, exigiram ainda que o governo se sente à mesa das negociações, condição sem a qual não se disporão desmarcar a projectada greve.


Protestos por toda a Espanha

Manuel Raposo —

No último dia de Fevereiro, realizaram-se manifestações em mais de 20 cidades espanholas em apoio aos estudantes de Valência e em protesto pelos cortes nos orçamentos das escolas e universidades.
Cerca de uma semana antes, uma manifestação de estudantes em Valência foi brutalmente reprimida pela polícia. As imagens das cargas policiais e as declarações do chefe da polícia tratando os manifestantes como “inimigos” indignaram a população valenciana e de todo o país.


Lutas de empresa: dois casos

Urbano de Campos — 10 Março 2012

As grandes manifestações sindicais, a greve geral de Novembro passado e outras acções massivas de rua, como as dos jovens, expressam a indignação que vai nos trabalhadores e na população atingida pela austeridade. O mesmo se espera da greve geral marcada pela CGTP para 22 de Março. Mas a fraca e esporádica resistência que se pode observar nas empresas, ditada sobretudo pelo medo de represálias, cria um estado de divisão e de falta de confiança que debilita a resposta dos trabalhadores.
Este estado geral tem no entanto excepções que merecem ser divulgadas e evidenciadas. Dois casos de lutas recentes mostram que o caminho da resignação e da derrota não é obrigatório: a paralisação do pessoal da manutenção da TAP, em Lisboa; e a luta vitoriosa dos trabalhadores da Cerâmica Valadares, em Gaia.


Prémio

9 Março 2012

Passou despercebida à maioria dos cidadãos a nomeação, em meados de Janeiro, de Franquelim Alves (militante do PSD, ex-administrador da SLN que controlava o BPN!) para presidente da comissão directiva da Compete, um programa dotado de 5500 milhões de euros para apoiar empresas. O governo salva o BPN com os milhões que tira aos salários dos trabalhadores e premeia a gestão danosa dos seus super-boys com lugares à mesa do orçamento. FB


Obrigado, Mr. Krugman

Pedro Goulart — 8 Março 2012

Podem os trabalhadores portugueses ficar tranquilos. Para se tornarem competitivos, não terão de baixar os salários até ao nível dos chineses: basta que nos próximos cinco anos lhos reduzam apenas 20 a 30% em relação aos salários dos trabalhadores alemães. Para, assim, poderem competir a nível europeu. Não deve haver outra saída. Os custos de contexto, a organização da produção, os lucros dos capitalistas, parecem aqui coisa menor. Ideia agora reafirmada, pesarosamente, pelo economista Paul Krugman, que procura ser “visto como amigo dos trabalhadores”.


Entendidos

6 Março 2012

Depois de umas pequenas escaramuças verbais acerca da política do governo, PS e PSD acertaram agulhas até no que respeita à linguagem. António José Seguro lançou a ideia brilhante de uma “austeridade inteligente” para, diz ele, evitar excessos a que o programa da troika não obriga; e o ministro das Finanças respondeu de imediato com a defesa de uma “austeridade controlada” para, argumenta, evitar uma austeridade descontrolada. O resultado da “inteligência” de Seguro e do “controlo” de Gaspar estão patentes nos últimos números divulgados sobre o desemprego em Janeiro – 14,8%, acima dos 14,6% de Dezembro – e nos valores da quebra económica, que se abeira dos 4% nas previsões para este ano.