Crise humanitária em Gaza

Ziad Medoukh / MV — 23 Março 2012

Quando todas as atenções noticiosas se viram para os três judeus franceses mortos nos atentados de Toulouse (das restantes vítimas quase nem se fala), importa lembrar que a matança diária de palestinianos prossegue às mãos do Estado israelita, quer através de ataques militares, como nas últimas semanas, quer estrangulando a vida das populações árabes, especialmente em Gaza, por meio de um bloqueio criminoso. É para isso que nos alerta o artigo seguinte sobre os efeitos da falta de energia eléctrica na faixa de Gaza, vai para quase dois meses.

Nos últimos anos, Gaza tem enfrentado escassez contínua de electricidade. A situação piorou quando a única central de energia ali existente deixou de funcionar no início de Fevereiro por falta de peças de reparação e por falta de combustível, que Israel não deixa entrar no território palestiniano.

Serviços públicos vitais, principalmente hospitais, estão em risco de encerrar, como alertou o chefe da subdelegação do Comité Internacional da Cruz Vermelha em Gaza. “Sem esses fornecimentos de emergência”, disse, “o tratamento de milhares de pacientes pode ter de ser interrompido e as suas vidas colocadas em perigo”. Esta pressão adicional sobre o sistema de energia, que se soma às carências crónicas, força os hospitais a dependerem de geradores durante 18 horas por dia.
O artigo de Ziad Medoukh, publicado em 21 de Fevereiro em www.aloufok.net, conta a situação.

Onde está o mundo livre?

“Desde [o início de Fevereiro], a Faixa de Gaza vive uma verdadeira crise humanitária. O encerramento da única central eléctrica causou longos cortes de corrente, até 18 horas por dia, o que significa que as casas ou os bairros têm direito a seis horas de electricidade por dia.Conseguem imaginar? Mais de um milhão setecentas mil pessoas privadas de energia por dias e dias!

Além desses cortes, em pleno inverno, Gaza tem escassez de água. Todos os poços municipais que abastecem os habitantes funcionam com corrente eléctrica. Conseguem imaginar? Casas sem água por dias e dias!

Esta situação está ligada à falta de combustíveis que entram normalmente na Faixa de Gaza por Israel e pelo Egipto. Essa escassez tem consequências dramáticas na vida diária dos habitantes de Gaza e paralisa os sectores económicos da região sujeita a bloqueio.
Imaginam um mundo sem electricidade, sem água e sem combustível? Estamos no segundo milénio, que diabo!

Israel recusa a entrada de equipamentos e peças de reposição para a central eléctrica danificada por múltiplos bombardeamentos, nomeadamente na sua última ofensiva contra Gaza em 2009.
O Egipto recusa continuar a fornecer combustível através dos túneis na Faixa de Gaza. Nós depositámos toda nossa esperança na sua revolução, mas um ano depois da queda do antigo regime deste país vizinho nada mudou para os habitantes de Gaza.

Devido à falta de combustível, os meios de transporte não podem funcionar, os alunos são obrigados a ir a pé para a escola ou a universidade, a vida está paralisada. Muitas fábricas fecharam as portas, milhares de trabalhadores estão desempregados, o que agrava a já difícil situação dos habitantes desta prisão a céu aberto.
Os hospitais e os centros médicos são os mais afectados, muitas cirurgias são canceladas, muitos dispositivos médicos estão avariados, as vidas de centenas de pacientes está ameaçada.

O estado de emergência foi declarado na Faixa de Gaza e até mesmo os poucos geradores que continuam a operar vão ter de parar por falta de combustível. Diante dessa crise, os habitantes de Gaza interrogam-se: Onde estão as organizações de direitos humanos? Onde está o mundo livre?”


Comentários dos leitores

Internacionalista 29/4/2012, 13:23

Lixo esquerdoso anti-semita.


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