Greve geral ibérica, porque não?

11 Julho 2010

Nas últimas semanas, tiveram lugar importantes protestos de trabalhadores em vários países da Europa: Grécia, Espanha, França, Roménia, Hungria. Os motivos são os mesmos: o ataque do capital às condições de trabalho, aos salários e à segurança social.

Em grande parte unificado pelo euro, o capital europeu (como o de outras paragens) vê-se, contudo, num impasse que se chama: incapacidade de se reproduzir. Por isso, as medidas contra os assalariados, as mesmas por todo o lado, se resumem a esmagar a parte do trabalho na riqueza produzida.

As diferenças económicas e sociais entre os diversos países da Europa não permitem ainda uma luta unificada dos trabalhadores do continente. Mas já não é bem assim no que toca a Portugal e Espanha. A fusão, nas últimas décadas, entre os capitais espanhóis e portugueses (banca, construção civil, circulação de mercadorias, mercado de trabalho) forja uma base material comum para as reivindicações dos trabalhadores dos dois lados da fronteira.

A semelhança entre a situação espanhola e a portuguesa – que ressalta das exigências colocadas pelo patronato e da atitude dos governos – exige, pois, respostas concertadas da parte dos trabalhadores dos dois países.

A manifestação de 29 de Maio em Lisboa; a greve geral, com forte adesão, realizada no País Basco em 29 de Junho; a greve a cem por cento dos trabalhadores do metro de Madrid, no mesmo dia; a marcação pelas centrais sindicais espanholas de uma greve geral para final de Setembro – são erupções da mesma necessidade de resposta. Todos ganharíamos se essas lutas fossem unificadas numa acção global.

Concretamente, uma greve geral. Uma greve geral simultânea nos dois países daria um forte aviso a ambos os patronatos e a ambos os governos; e colocaria num nível superior a capacidade de resistência dos trabalhadores portugueses e espanhóis.


Comentários dos leitores

A CHISPA ! 12/7/2010, 18:43

Concordamos inteiramente com a necessidade de se fazer GREVE GERAL,só que pensamos que uma e mesmo simultanea com os trabalhadores espanhóis ou mesmo no conjunto da UE, será insuficiente para conter a actual ofensiva capitalista em curso.
E muito menos acreditamos que as actuais direcções partidárias e sindicais que influênciam e dirigem actualmente o movimento operário nos dois países, estejam empenhadas e interessadas em mobilizar os trabalhadores para derrotar ou mesmo fazer recuar os governos reacçionários e o grande capital.
Assim somos de opinião que a luta e a consciência do proletariado português, o espanhol ou de outro país qualquer,não ultrapassará o estado de consciência reformista actual,e só se elevará a um nivel superior,se surgir um Partido Revolucionário Comunista e esta é uma tarefa que está colocada a todos os revolucionários portugueses. Qualquer outra ideia a este respeito será uma PURA FANTASIA.

"achispavermelha.blogspot.com"
A CHISPA!

marques 13/7/2010, 16:09

Que tal criar uma plataforma que vise pressionar a CGTP/UGT e informar os trabalhadores sobre o que está em causa.
O que está em causa são os nossos direitos que nunca foram atacados pelo governo da burguesia e nunca os capitalistas foram tão beneficiados com a medidas do governo, ficando sempre de fora, quando deviam ser os ricos a pagar a crise.
Uma greve geral conjunta e em simultâneo em ambos os paises portugal e espanha era muito importante por ambos os países tem os mesmos problemas e só a solidariedade pode ser benefica para os trabalhadores ibéricos.

afonsomanuelgonçalves 16/7/2010, 7:30

Tarde ou cedo, uma crise com traços mais profundos de capitalismo iria pôr à prova a capacidade de luta dos dirigentes sindicais que há mais de trinta anos comandam as mínguas reinvindicações dos trabalhadores assalariados. E agora que a crise se manifesta no seu estertor histórico, surge aos olhos de muita gente a confirmaçao de que o espírito voluntarista sem rumo e sem estratégia tem sido a única expressão da luta levada a cabo pelos sindicatos. Mumificados pelo tempo, os dinossauros da velha guarda resistem às vissicitudes do destino. Pelos vistos, o paraíso ainda está longe.


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