Os prisioneiros sírios e o “humanismo” do governo

Manuel Raposo — 23 Setembro 2009

guantanamoflag_72crop.jpgO governo prontificou-se a acolher presos libertados de Guantânamo, no que passa por ser um gesto “humanitário”. Na verdade, trata-se de mais um serviço prestado aos EUA. As autoridades portuguesas apoiaram sem condições a “guerra santa” lançada por Bush em 2001 contra o “terrorismo”. Desde então, os EUA raptaram e prenderam quem quiseram em todo o mundo sem que as autoridades portuguesas dessem um pio. Os voos com gente raptada passaram por território português com o compadrio de sucessivos governos. Agora que os EUA encerram Guantânamo por não saberem o que fazer aos presos, o governo português acede de novo, aceitando a exportação dos detidos.

Os dois sírios que chegaram em segredo ao nosso país vão ficar em lugar não divulgado, sem identificação, como se de perseguidos ainda se tratasse. Não está em causa o acolhimento seja a quem for, para mais a vítimas como estas. Está em causa, de novo, a conivência do governo. Obama quer fechar Guantânamo mas recusa enfrentar a questão dos crimes cometidos nas pessoas dos prisioneiros. Contra isto, há a dizer que os EUA devem reconhecer a arbitrariedade com que agiram, levar a julgamento os responsáveis da era Bush e reparar os prejuízos causados às vítimas. Só assim se poria um termo justo à questão.

Ora, nada disto, que é elementar, está em marcha. E nestas condições o acolhimento dos presos tem de ser entendido como uma ajuda a encobrir o crime.


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