Arquivo: Junho 2008

Rubra

23 Junho 2008

rubra72dpi.jpgSaíram em Abril e em Junho os dois primeiros números de uma nova revista (bimensal) editada por uma equipa de uma dezena de militantes afectos à esquerda não-parlamentarista: a Rubra.
No seu primeiro editorial afirma-se: “Na luta contra a globalização capitalista, nenhuma nostalgia neokeynesiana substitui os 160 anos de juventude do Manifesto Comunista”.


Resposta à Directiva de Retorno

Vários governos da América Latina (Equador, Paraguai, Uruguai, Bolívia, Argentina, Brasil) estão a insurgir-se contra a Directiva de Retorno. Hugo Chávez ameaçou expulsar da Venezuela as empresas dos países que a aplicarem. Qualificou como «ofensiva» a iniciativa e advertiu que o petróleo venezuelano «não irá» para países que apliquem a directiva da União Europeia.


A directiva da vergonha

M. Gouveia —

imigrantes72dpi.jpgDepois de ter sido aprovada por unanimidade pelos ministros dos Assuntos Internos europeus, foi agora aprovada pelo Parlamento Europeu a chamada Directiva do Retorno, que pretende harmonizar, a nível comunitário, as regras para o repatriamento de imigrantes ilegais. Com 369 votos a favor, entre os quais 34 “socialistas”, um deles português (Sérgio Sousa Pinto). Das 109 abstenções, 49 também foram de “socialistas”.
Basta um olhar por alguns artigos para ficarem claros a hipocrisia e o cinismo desta directiva e a razão por que é chamada a “directiva da vergonha”.


Paralisações na TAP

20 Junho 2008

O Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (SITAVA) anunciou paralisações diárias de uma hora a realizar de 7 a 13 e de 21 a 27 de Julho próximo. A decisão foi tomada no decorrer de uma paralisação efectuada pelos trabalhadores de terra da TAP em 18 de Junho e prende-se com a recusa da administração da empresa em actualizar os salários este ano, a pretexto de que a companhia atravessa uma crise e de que o governo impôs como meta lucros de 64 milhões de euros para 2008. Também para Julho está prevista uma greve dos trabalhadores de handling, visto que o pessoal da Groundforce, empresa detida em cerca de 50% pela TAP, está em protesto contra o não cumprimento do acordo de empresa por parte da administração.


Quem somos nós para contrariar?

19 Junho 2008

“Não estamos em democracia em nenhum país. Nem sequer é um ideal porque todos os objectivos estão voltados para o mercado, que é o único valor. Precipitámo-nos para actividades económicas que nos encaminham para becos sem saída.” (Vitorino Magalhães Godinho, historiador, Jornal de Letras 18/06/08)


Argumento falso

18 Junho 2008

Nos ataques do patronato e dos seus governantes ao papel social do Estado, estamos sempre a ouvir falar do “excessivo peso” dos funcionários públicos na economia. Esse argumento cai por terra se compararmos o caso português com o de outros países capitalistas mais desenvolvidos. Veja-se, para 10 países da Europa, a percentagem de funcionários públicos em relação ao emprego total:
– Suécia: 31,5%
– França: 28,9%
– Finlândia: 22,9%
– Reino Unido: 20,4%
– Irlanda: 17,9%
– Suíça: 15,4%
– Itália: 14,1%
– PORTUGAL: 13,4%
– Alemanha: 12,9%
– Espanha: 11,9%
A percentagem para Portugal foi feita com base em 700 mil trabalhadores da Administração Pública, polícias e forças armadas incluídas.
Fonte: Estudo comparado do regime de emprego dos países europeus, DGAEP.


A democracia deles

17 Junho 2008

Com a vitória do Não na Irlanda, os defensores do Tratado de Lisboa, políticos e jornalistas de serviço, mostraram mais uma vez o seu conceito de democracia e aquilo de que são capazes para atingir os seus objectivos de classe. O Público de 15 de Junho assume-se inteiramente como porta-voz desta gente ao afirmar que “a Irlanda vai ter de decidir rapidamente se quer sair da União Europeia (…) ou se prefere voltar a submeter o texto aos eleitores mediante certos ajustamentos”. Esta é a posição expressa por dirigentes burgueses europeus como Sarkosy, Angela Merkel, Durão Barroso ou Cavaco Silva. Não passa pela cabeça da direcção do Público entender a legitimidade dos irlandeses dizerem Não.


Flexi-exploração

Os ministros europeus do Trabalho aprovaram em 10 de Maio o aumento da semana de trabalho de 48 para até 65 horas, “se assim o entenderem o funcionário e a empresa”. Cinicamente, acham os ministros que o trabalhador e o seu patrão estão em posição de igualdade nessa “negociação”! Na prática, o vale-tudo nos horários de trabalho já está instalado, trata-se agora de o legalizar. É um gigantesco passo atrás, se lembrarmos que o 1.º de Maio foi instituído, precisamente, para lembrar a luta dos trabalhadores pelas oito horas de trabalho diário. Em Portugal vigora o regime das 40 horas, mas a lei permite alargá-lo até às 65 horas. O novo regime terá agora de ser votado pelo Parlamento Europeu.


Abençoada Irlanda!

José Mário Branco — 16 Junho 2008

irlandanao_72dpi.jpgAntónio Esteves Martins, em reportagem na RTP, exprimiu, como é seu papel, o ponto de vista das classes dominantes europeias. Sabemos que o “não” irlandês ao tratado europeu é o resultado dos votos conjugados da direita nacionalista e da esquerda independente contra uma versão maquilhada da “constituição” europeia chumbada há 3 anos na França e na Holanda. Mas Esteves Martins diz tratar-se de um mero “percalço referendário” que urge ultrapassar “com inteligência, habilidade e determinação”.


Falir está a dar

15 Junho 2008

A empresa cerâmica Secla, das Caldas da Rainha, vai encerrar no final do mês despedindo 260 trabalhadores. Os patrões declaram sem rebuço que só pagarão metade do que é devido – meio salário por cada ano de serviço. E dão o facto como consumado dispondo-se a não cumprir a lei com o argumento de que a empresa “não tem condições”. A Secla, que pertence aos proprietários da Cerâmica Valadares, tinha três fábricas e empregava mil trabalhadores. Duas foram vendidas à banca por 11 milhões de euros já este ano para, diziam, “evitar a falência”. Os terrenos e edifícios estão implantados numa zona de expansão da cidade, envolvidos por empreendimentos imobiliários. Mais uma falência rendosa.