Arquivo: Abril 2008

Manifesto dos trabalhadores do República a todos os trabalhadores pobres e explorados de Portugal

26 Abril 2008

republica_72dpi.jpg«[…] Nós, trabalhadores do “República”, somos conscientes de que estamos numa sociedade a que falta ciência e educação, a que falta, portanto, uma política de informação que em vez de mutilar as classes trabalhadoras exploradas e pobres, lhes dê o poder da inteligência e da economia. […]
É esta a ocasião propícia de proceder a uma remodelação completa da nossa política de informação, criando uma informação nas mãos das classes trabalhadoras, independente de todos os compromissos e de todas as solidariedades partidárias, inaugurando uma informação de desforra e de reabilitação, nas mãos dos explorados e dos pobres. […]


Imprensa operária e de bairros

João Bernardo —

Tanto quanto sei, não foi ainda realizada nenhuma pesquisa sistemática acerca da imprensa operária em 1974-1975. Folheando um jornal em que colaborei naquela época, e que se dedicava exclusivamente a noticiar as lutas dos trabalhadores, encontrei logo em Junho de 1974 menções a A Nossa Voz (quinzenário dos trabalhadores da Timex), O Novo Portuário (boletim dos trabalhadores do porto de Lisboa), A Força Operária (jornal de operários de lanifícios e têxteis), O Trabalhador de Tróia e o Jornal da Sogantal, uma pequena empresa que se notabilizou por ter sido a primeira a entrar em autogestão.


Liberdade de expressão

João Bernardo —

25abril2_72dpi.jpgA liberdade de expressão define-se hoje como o direito de comprar o jornal e de ligar a televisão. Curioso uso das palavras, porque este não é o direito de nos exprimirmos, mas de lermos ou vermos o que outros exprimem. Os jornalistas debitam as suas sentenças, entrevistam, seleccionam e cortam as declarações dos entrevistados, e de vez em quando alguns figurões são convidados para espaços de «opinião» acerca dos quais Rui Pereira já disse o que há a dizer no site do Mudar de Vida (www.jornalmudardevida.net/?p=606).


Despedimentos na Lusosider

Mais de 50 operários da Lusosider – empresa metalúrgica de Paio Pires, Seixal – são alvo de um processo de despedimento colectivo até ao fim do mês. A Lusosider vai assim despedir 20% dos seus trabalhadores, invocando como motivo o encerramento da unidade de laminados a frio. Em 2007 despedira já cerca de 100, apesar de anteriormente ter manifestado a vontade de investir no sector, o que não fez. Os trabalhadores, com idades entre 25 e 53 anos, manifestam grande preocupação quanto ao seu futuro.


Artes mágicas

24 Abril 2008

Pensando bem, o sistema democrático em que hoje vivemos baseia-se numa operação mágica. Dizem-nos que a soberania reside no povo, mas o povo só pode usar a soberania para a entregar periodicamente aos deputados e outros governantes, que fazem com ela o que querem. E se um de nós, ou nós todos juntos, decidirmos usar realmente a tal soberania que parece que temos, então somos rebeldes, revoltosos ou perigosos subversivos. Estranha coisa, a soberania do povo, que só pode ser usada pelos outros e não pelos próprios! (JB)


O que falhou no movimento popular?

Manuel Monteiro —

25abril1_200dpi_72dpi.jpgMuitas pessoas, ao abordarem o resultado final do processo revolucionário de 74/75, chegam à conclusão, um tanto fatalista, que outro resultado não seria de esperar. Partem da ideia de que o que se passou foi um golpe militar, apoiado pela burguesia – ou com a sua concordância –, que visava tentar sair do atoleiro da guerra colonial, instalando, ao mesmo tempo, a democracia formal, que lhe permitisse integrar Portugal na União Europeia.


Alguém traiu o 25 de Abril?

Manuel Raposo —

25abrilretratosalazar_72dpi.jpgSobretudo entre a esquerda, criou-se a ideia de que em dado momento o 25 de Abril terá sido “traído”. A evolução da sociedade portuguesa desde 74-75 até hoje (e visto o ponto a que chegámos!) mostra efectivamente a distância que separa as esperanças populares de então das dramáticas realidades do presente.
A viragem deu-se no Verão Quente de 75 e consolidou-se com o golpe militar de 25 de Novembro desse mesmo ano. A partir de então as classes dominantes, os patrões, a direita, recuperaram continuamente o poder que fora abalado pela entrada em cena das massas populares desde Abril de 74. Mas falar de traição só serve para confundir o processo que levou a este desenlace.


Ontem e hoje

O número 7 da edição em papel do Mudar de Vida sai um ano após o primeiro exemplar, experimental, do jornal. Iniciada a publicação regular em Outubro, temos mantido uma informação de ritmo diário na versão electrónica; e trouxemos para a rua sete edições mensais em papel.
Pelas reacções dos leitores, a aposta tem sido bem sucedida. Mas seria ingénuo pensar que o MV está consolidado.


Francisco Martins Rodrigues

23 Abril 2008

franciscomartinsrodrigues.jpgFrancisco Martins Rodrigues faleceu na madrugada do dia 22, em consequência de doença incurável. Muitas dezenas de pessoas estiveram presentes, no dia seguinte, no cemitério do Alto de S. João, em Lisboa, onde o corpo foi cremado, prestando homenagem ao comunista, ao combatente, ao amigo.

Francisco Martins Rodrigues iniciou a sua militância política no Partido Comunista Português na década de 1940. Rompeu com a direcção de Álvaro Cunhal em 1963, quando era membro do comité central, depois de uma progressiva e irreconciliável divergência com a estratégia de unidade antifascista.


60 anos da catástrofe palestiniana

António Louçã — 21 Abril 2008

palestina7_72dpi.jpgO Estado de Israel está agora a comemorar 60 anos de existência. Para o povo palestiniano, são 60 anos da “catástrofe” – a “Nakba”. Desde então ficou dividido em três categorias: a discriminada, a ocupada e a expulsa.