Governo brasileiro procura impedir lutas sociais em áreas chave

Alexander Hilsenbeck Filho — 1 Abril 2008

O governo brasileiro informou que deu início a um trabalho conjunto de logística e de inteligência [acção de serviços secretos], que irá contar com a participação de vários ministérios e que tem por objetivo impedir ações de movimentos sociais em áreas tidas como “prioritárias de infra-estrutura”, ou seja, que podem trazer prejuízos econômicos ao país, para além do espaço das empresas privadas. Barricadas em rodovias, bloqueios em ferrovias e ocupações a usinas hidrelétricas são alguns exemplos. Dentre as estratégias de ação do governo, se incluem o aumento da segurança nos locais, o deslocamento de tropas do Exército ou a criação de rotas alternativas de uma rodovia bloqueada.

Tal ação do governo se dá num momento do capitalismo em que o ócio e o tempo livre são apropriados pelo capital, em que existe uma quase total integração dos lazeres no capitalismo, seja pelo mercado de consumo com sua indústria de produção de lazeres, como os centros comerciais, shopping centers e fast-foods, seja pelo adestramento mental propiciado pelos computadores e meios eletrônicos.

Ora, numa época em que os lazeres já não são exteriores ao capitalismo é sintomático que as ações de protesto, no espaço e no tempo, se dêem fora do lugar de trabalho, sobretudo nos países em que existem grande número de desempregados e uma importância maior da economia paralela. Pois, os piquetes, as ocupações e os boicotes urbanos tentam superar as dificuldades de ação no interior das empresas, ainda mais quando esses atos são realizados por desempregados e empregados, trabalhadores rurais e urbanos.

Dessa maneira, para além da retórica de uma preocupação apenas econômica, fica clara a intenção do governo de minar as novas formas, tempos e espaços de luta da classe trabalhadora, não inseridas nas relações de trabalho estáveis, bem como as redes de solidariedade e de ação que daí podem advir.


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