Arquivo: Janeiro 2008

Morrer a trabalhar

20 Janeiro 2008

Acidentes de trabalho mataram 160 trabalhadores em 2007, mais 3 que em 2006. Os dados, divulgados pela Autoridade para as Condições de Trabalho, revelam ainda que, por sectores, morreram 81 pessoas na construção civil, 30 na indústria transformadora, 22 no comércio e serviços, 14 na agricultura, 4 nos transportes e armazenagem, 1 na administração pública e 8 em outros sectores. As pequenas empresas (com menos de 9 trabalhadores) somaram 66 mortos e as grandes (com mais de 50 trabalhadores) atingiram 43. Nove dos mortos eram imigrantes (5 brasileiros, 2 angolanos e 2 ucranianos). Pelo menos 80% dos mortos são de sectores operários (mais de 10 vítimas por mês), facto que revela quem é mais penalizado pelas condições de trabalho, inclusive nas grandes empresas (3 a 4 mortos por mês).


Um perseguido em redor do mundo

João Bernardo —

battisti.JPGOs órgãos de informação de massas esforçam-se por legitimar ideologicamente as medidas antiterroristas, apresentando-as como uma necessária preservação dos valores da tolerância contra o fundamentalismo islâmico. Esquecem-se − ou, mais exactamente, procuram fazer esquecer − que o governo de Washington é integrado por fundamentalistas religiosos não menos fanáticos e que conta como principais apoios entre os países muçulmanos a Arábia Saudita, esse exemplo de feminismo e de liberdade religiosa, e o Paquistão, outro exemplo de perfeito funcionamento das regras parlamentares. E esquecem ainda que as medidas antiterroristas, não só agora mas desde há muito, se têm destinado a perseguir os que lutam contra o capitalismo.


Roubo, também nas pensões

17 Janeiro 2008

As alterações introduzidas na Segurança Social pelo governo de Sócrates estão a ser aplicadas, no conjunto, desde Janeiro. Sobretudo os reformados que auferiam salários mais baixos são fortemente atingidos pelas novas medidas. O economista Eugénio Rosa apresenta o caso concreto de uma trabalhadora do sector têxtil que, se se tivesse reformado em 2006, receberia 461 euros de pensão; mas, reformada em 2007, só recebe 388 euros. Pensões mais baixas e tempo de trabalho obrigatório mais alongado são os resultados das medidas governamentais. À sombra da “modernização” e da “sustentabilidade” da segurança social, são canalizadas para o capital, também por esta via, massas consideráveis de riqueza.


Câmara de Lisboa isenta Rock in Rio de 6,5 milhões de euros em taxas

M. Raposo — 16 Janeiro 2008

Por proposta do presidente António Costa – aprovada com os votos do PS, do PSD, do BE e dos vereadores de Carmona Rodrigues – a Câmara Municipal de Lisboa decidiu isentar de taxas a organização do festival Rock in Rio deste ano, à semelhança de anos anteriores. São 6,5 milhões de euros que não entram nos cofres da CML, apesar da grave situação financeira que atravessa.


CML despede mais 96

Mais 96 contratos de prestação de serviços foram rescindidos pela Câmara Municipal de Lisboa, no âmbito das medidas de “saneamento financeiro”. Os trabalhadores visados denunciam o facto de os critérios não levarem em conta o trabalho desempenhado e sim as escolhas pessoais dos responsáveis municipais. Num dos casos, levantado pela própria pessoa na Assembleia Municipal, o trabalho era exercido há 5 anos e meio e o contrato tinha sido firmado com base numa declaração do Director Municipal de Recursos Humanos de que as funções eram imprescindíveis para o funcionamento dos serviços.


Programa político

Mike Huckabee, ex-governador do Arkansas e candidato republicano à presidência dos EUA, disse, num acto da campanha eleitoral, que os prisioneiros de Guantânamo são mais bem tratados que os presos do seu Estado. Para deixar claro que não estava a reclamar uma melhoria de tratamento para os “seus” presos, gracejou: “Espero que eles não saibam disto, porque senão vão todos querer ser transferidos para Guantânamo”.


O passo a passo das reformas neoliberais

Paulo Marques, professor e dirigente sindical — 15 Janeiro 2008

No Brasil, o Governo de Lula, do Partido dos Trabalhadores, dando continuidade ao projeto neoliberal, está a atacar descaradamente os trabalhadores. Durante toda a década anterior, o PT ainda fez oposição às reformas de desmonte da legislação social e trabalhista de Fernando Henrique (FHC). Entretanto, o PT, logo ao assumir, começou a desmontar a Previdência Social. Uma burocracia sindical profissionalizada gerada em longo processo dentro do partido agora cumpre seu papel de “gestores da economia” em cargos de governo e Fundos de Pensão. Administra a crise do Capital, seguindo o receituário neoliberal: descarregar o peso da crise nas costas dos trabalhadores.


Que generosos…

14 Janeiro 2008

Pela nova lei, os pensionistas iriam receber em Janeiro os aumentos de Dezembro, no valor de 2,4 % sobre o montante das suas pensões. A 90% deles caberiam menos de 15 euros de acréscimo. Mas seriam cerca de 15 milhões a debitar pelas Finanças num só mês. Então, o ministro Vieira da Silva resolveu transformar milhões em tostões, dividindo os magros 15 euros por catorze meses. Contando com os que, entretanto, morressem, seria muita poupança. Diante dos protestos, o ministro recuou e vai agora pagar o total devido, quando puder. O autor da manobra, o secretário de Estado da Segurança Social, Pedro Marques, teve o desplante de dizer que os pensionistas sairiam beneficiados porque os aumentos de 2009 incidiriam sobre uma base maior… (MV/JR)


A maior ocupação de minas na história da Polónia

M. Raposo —

mineirosbudryk1.jpgQuinhentos mineiros da mina de carvão polaca de Budryk estão em greve, desde meados de Dezembro, com ocupação das galerias a mil metros de profundidade. Exigem salário igual ao dos trabalhadores da Jastrzebska Coal Company, que acabou de comprar a mina. Apesar de terem uma produtividade duas vezes superior à média da industria mineira na Polónia, os mineiros de Budryk têm os salários mais baixos do sector.


Ajuda envenenada

Um soldado britânico de 18 anos que perdeu uma perna no Iraque contraiu sida por lhe terem administrado sangue contaminado. O sangue, fornecido pelos militares norte-americanos, não fora devidamente testado. Tentando desculpar a negligência, o presidente do Comité da Defesa da Câmara dos Comuns britânica disse à cadeia de TV Skynews que “as vantagens de receber sangue de qualquer tipo quando se é ferido ultrapassa de longe os riscos da contaminação”, e enalteceu a ajuda dos EUA que “deram o seu sangue para salvar os nossos militares”. O soldado faz parte de um conjunto de dezoito militares e seis civis feridos no Iraque e no Afeganistão infectados com VIH, hepatite e sífilis em resultado de transfusões.