Pensionistas em perda contínua de poder de compra

M. Raposo — 25 Outubro 2007

pobreza.jpgNos últimos sete anos, os reformados da função pública sofreram uma quebra de poder de compra que varia entre 5 e 10 por cento, consoante o valor das pensões. Deve-se isto ao facto de os aumentos anuais serem sempre inferiores à inflação; e ainda à taxa de desconto para a ADSE (sistema de saúde) aplicada às reformas superiores a 605 euros.
Com o argumento demagógico de “beneficiar os mais necessitados”, o governo diferenciou, desde 2006, os aumentos, “favorecendo” as pensões mais baixas. Mas esta generosidade do governo fez, tão só, com que as perdas das pensões mais baixas fossem menores do que as das mais altas. Não mais do que isso. E mesmo essa diferenciação apenas tocou um terço dos pensionistas: os que têm de se governar com menos de 605 euros por mês. É o que se chama uma boa gestão da miséria.
Para o próximo ano mantém-se o cenário. Apenas aquele terço de pensionistas poderá, quando muito, manter o seu poder de compra, se se pode chamar poder de compra a menos de 605 euros por mês. Os outros dois terços vão continuar a perder, uma vez que os valores dos aumentos anunciados pelo governo ficam de novo aquém da inflação.
O critério aplicado pelo governo é o de cingir a percentagem dos aumentos ao valor do crescimento do produto interno bruto, segundo a lógica de que os aumentos devem seguir o ritmo da criação de riqueza. Simplesmente, o critério aplica-se apenas aos assalariados. O capital, esse, chama a si sem restrições o mais que puder da riqueza colectiva. Basta ver a facilidade com que, do ano passado para este, as maiores fortunas nacionais cresceram 35 por cento.


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