Cobrar aos pobres, perdoar aos ricos

25 Outubro 2007

O filho de Jardim Gonçalves pediu um empréstimo de 12 milhões de euros ao brinquedo do Papá, o BCP, não o pagou e a dívida foi-lhe perdoada porque, segundo o banco, “não tinha possibilidades de a pagar”. Ou seja, não deve nada! Então, mas… para que um banco empreste dinheiro não é preciso fiadores, as jóias da família, um rim, hipotecas – qualquer coisa que garanta o pagamento?
O sr. Joaquim, que vive num T1 em Alcabideche juntamente com a mulher e três filhos, atrasou-se na prestação da casa porque, nesse mês, cometeu a extravagância de comprar carne. Depois de multas e juros, só conseguiu pagar os 320€ mensais em dívida porque, por sorte, o seu irmão, emigrante no Luxemburgo, lhe emprestou o dinheiro. E se não pagasse esta e mais algumas? É claro que o banco lhe ficava com a casa, como já acontecera, meses antes, com o seu vizinho da frente – por acaso, também cliente do BCP.
Curiosidade adicional: no ano passado, 90% dos gastos com trabalhadores do BCP foram parar à Administração, e cerca de 15% dos lucros do banco foram dispendidos em prémios para (adivinhem lá…) a Administração. Mas é evidente – com um trabalho tão bem feito, que obriga os pobres a pagar para que se possa esquecer as dívidas dos ricos, não haveriam eles de ser recompensados!
Rui Silva Santos


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