Os EUA na encruzilhada da Ásia Central

José Mário Branco — 5 Outubro 2007

O governo de Bush, líder do processo de invasão e ocupação do Afeganistão, vê os “amigos”, abandonarem-no: a Coreia do Sul e o Canadá vão retirar; Alemanha, Japão e Itália discutem a continuidade da colaboração naquela guerra; a França ambiciona uma actuação autónoma e, a par de declarações agressivas contra o Irão, desenvolve uma operação diplomática nos países do Cáspio, cujos petróleo e gás natural também são cobiçados pela Rússia e pela China e foram uma das razões da invasão pelos EUA. Isto, a norte do Afeganistão.
A sul, a situação é explosiva devido aos laços étnicos e religiosos tecidos entre o Afeganistão e o Paquistão. São uma humilhação para a maior potência do mundo as bases talibãs nas fronteiras afegano-paquistanesas e o apoio popular que têm no Paquistão, a ponto de Musharraf, presidente paquistanês, ter de negociar a estabilidade do seu próprio exército.
O caso dos reféns sul-coreanos confirmou que a estratégia dos EUA na Ásia Central, tal como a do “Grande Médio Oriente”, é um pântano e um abismo. As tropas atolam-se num terreno minado pela resistência dos povos, do fundamentalismo islâmico e dos senhores da guerra e pela incapacidade do governo de Cabul. Desenha-se a ameaça da ultra-islamização do principal aliado dos EUA na região, o Paquistão, levando Washington a ameaçar enviar tropas para lá. Perante as derrotas políticas e militares, a resposta é a fuga para a frente: a dinâmica de guerra do complexo militar-industrial e das companhias petrolíferas. Como no Iraque.


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